No total, já passam de 250 pessoas qualificadas para agregar renda ao trabalho rotineiro de casa. Além disso, uma das expectativas, através do conhecimento, é ultrapassar a produção caseira para formalizar agroindústrias de forma individual ou coletiva. E, queira ou não, os cursos de capacitação vêm melhorando os hábitos alimentares das famílias envolvidas, principalmente pelo aproveitamento integral de frutas, verduras, leite e melado constituírem produtos de origem orgânica e de grande oferta da maioria dos produtores rurais. Vinte inscritos participaram do curso sobre derivados de leite ministrado por Marcos Flores. O interesse maior das mulheres pode ser explicado pelas 19 receitas diferentes de produtos derivados de leite, entre eles: queijos minas frescal, colonial, quartirolo e ricota, bebida láctea, iogurte natural, todinho e de polpa de frutas e doces como mumu, leite condensado, rapadura, doce de leite, uruguaia, caramelo de leite, pasteurização da nata, kasmier, entre outros. A dona de casa Liane Meyer, 61 anos, moradora da Barra do Forqueta, não desgrudou do lado das panelas e do instrutor. Prestou atenção em todos os detalhes e a partir de agora não vai mais destinar o soro do leite (subproduto na fabricação do queijo) aos porcos como vinha fazendo. Além do queijo, aprendeu as técnicas para fazer do soro iogurtes e doces deliciosos que custam caro nos mercados. Antes ela misturava o sal ao coalho e o soro todo ficava salgado, inviabilizando-o para doces. O instrutor Marcos chamou atenção para os muitos produtos que ainda se perdem nas propriedades, enquanto são ingredientes de produtos caros buscados nas prateleiras dos mercados. Para o secretário da Agricultura, Paulo Grassi, o prefeito Sidnei Eckert e o técnico agrícola da Emater, Elias de Marco, a parceria com o Senar está superando expectativas e trazendo novo ânimo para dezenas de famílias repensarem seus negócios de forma a trabalharem mais organizadas e com o foco voltado para a melhor renda. “Trazemos a técnica para que se possa adquirir o conhecimento e evitar perdas desnecessárias”, revela Grassi. O prefeito Sidnei comenta sobre o valor do queijo comparado ao ganho do leite in natura e da fonte de renda que é a transformação do leite em doces, como mostrou o instrutor Marcos. Com quatro litros de leite (R$ 3) pode-se produzir 2 quilos de leite condensado (R$ 15 a R$ 20). “Dá para ganhar mais”, argumenta. Elias de Marco, que acompanha os cursos pela Emater, destaca o entusiasmo dos participantes no curso de melado, processamento de hortaliças e agora o de leite, como fundamentais para melhorar a qualidade de vida das famílias. “O caminho está traçado e vamos continuar apostando na criação de agroindústrias para melhorar ainda mais a vida dos trabalhadores rurais”, aponta. Nos cursos, o Senar oferece o instrutor e o material didático e de apoio. O município cobre os custos de alimentação dos alunos e a matéria-prima (produtos consumidos na fabricação) são rateados, sendo os produtos finais distribuídos entre os participantes.