Estatística é um assunto sempre polêmico. Há defensores intransigentes que sempre se debatem com críticas ferrenhas a este tipo de estudo. Argumentos a favor e contrários são tão díspares que é impossível achar-se um ponto de convergência capaz de selar a paz entre os apaixonados de lado a lado.
Esta semana, num exercício para preencher o ócio passageiro, acessei o site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – www.ibge.gov.br) e mais especificamente os dados relativos ao censo demográfico de 2010. Neste contexto, é claro, fiquei curioso para conhecer detalhes relativos à nossa cidade.
Sem muita paciência para garimpar dados mais específicos e pouco afeito ao manejo da internet, me ative especificamente aos dados populacionais. Pelo levantamento de 2010 em Arroio do Meio existem 18.783 habitantes, contra 16.951 moradores do município registrados em 2000.
Como acontece em diversas cidades brasileiras, o IBGE revela que aqui existem mais mulheres: 9.430 contra 9.363 homens, uma diferença quase insignificante. Mas o detalhe que mais chamou minha atenção refere-se à distribuição da população urbana e rural. Pelo estudo, Arroio do Meio possui 14.663 moradores na cidade e 4.120 habitantes no interior.
Trata-se de um dado preocupante e que deve servir de advertência.
O inchaço das metrópoles comprova o descaso com aqueles que produzem comida para o todo o Brasil
Nasci em 1960 quando o fenômeno era inverso, com o contingente urbano infinitamente menor. Os reflexos do êxodo, motivado por uma série de fatores, já eram esperados, mas as proporções reveladas são assustadoras.
A falta de apoio ao homem do campo, a pouca valorização do trabalho do setor produtivo, a assistência incipiente à família rural, os preços insuficientes para cobrir os custos de produção e a sedução dos ilusórios atrativos da vida urbana compõem um mosaico de consequências preocupantes. Assim, a exploração urbana é destaque diário na mídia.
Proliferam notícias sobre a falta de escolas, a explosão dos índices de violência, as mazelas da rede de saúde insuficiente e a escassez de emprego para ocupar a mão de obra pouco qualificada são manchetes diárias dos noticiários em horário nobre.
Arroio do Meio não é uma exceção.
Ao contrário. Nosso município integra um conjunto cada vez maior de comunidades que se caracterizam pela fuga do meio rural. Infelizmente o retorno ao campo que se registra em diversos países europeus e norte-americanos não se reproduz no Brasil.
Num país onde chamar alguém de “colono” virou xingamento é difícil imaginar-se um equilíbrio de tratamento na valorização do trabalho de um operário e de um agricultor. O entorno das grandes metrópoles está inchado de gente que fugiu da fome, do abandono e do descaso daqueles que deveriam valorizar a produção de alimento.