Nessa perspectiva, as psicólogas Cláudia Sbaraini e Cristiane Feil explicam que o ser humano nasce provido dos mais variados instintos, de sobrevivência, de proteção, de agressividade e de amor. À medida que alguns são limitados, outros podem tornar-se mais exacerbados. “Se pensarmos no desenvolvimento de uma criança, quando ela cresce em um lar onde existe amor, cuidado e respeito ela levará esses valores na formação de sua vida adulta e agirá desta forma, no entanto, quando a criança nasce em um ambiente sem amor, agressivo e muito desestruturado, ela possivelmente terá maior risco de desenvolver tais comportamentos e reproduzi-los na vida adulta”, afirmam.
No decorrer de seu desenvolvimento, a criança apresenta uma quantidade de agressividade necessária, sendo então considerada normal. Porém, situações de estresse familiar tendem a contribuir significativamente para o aumento temporário da agressividade na criança. No entanto, crianças que não têm parâmetros para lidar com suas atitudes impulsivas, que se sentem negligenciadas ou possuem quadros psicopatológicos mais graves (depressão, TDAH, entre outros), podem manifestar comportamentos agressivos constantes. Com base nisso, pode-se pensar que a influência ambiental que qualquer criança tem no decorrer de seu desenvolvimento poderá refletir-se em toda a sua vida.
De acordo com as psicólogas, a criança aprende através dos modelos que recebe. Acredita-se que a maior dificuldade, e consequentemente a maior frequência desses comportamentos contraditórios, de proteção e atentado à vida, se deriva dessa falta de estrutura no ambiente familiar. Portanto, poderemos pensar que adultos mais afetivos, compreensivos e solidários em relação aos outros, são pessoas que tiveram a chance de ter um início de vida mais acolhedor e menos hostil. O amor manifestado na vida adulta ou a agressão são sentimentos geralmente enraizados na infância.
Por outro lado, elas questionam: Como pessoas que sofreram na infância tornam-se pessoas afetivas e solidárias? Eis a resposta: “Não podemos pensar que uma pessoa que teve um início de vida difícil esteja fadada a tornar-se um adulto perverso e agressivo e que não possa transformar sua vida. Algumas pessoas conseguem reverter seu sofrimento fazendo o bem às outras, justamente por entenderem a dificuldade que é sofrer sem ter alguém para ajudá-las.”