Até o final do ano deve estar concluído o Programa Nacional de Erradicação da Brucelose e Tuberculose proposto pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento como projeto piloto para a Comarca de Arroio do Meio. Em andamento há cerca de dois anos, gestores do Ministério da Agricultura, Ministério Público, Fundo de Desenvolvimento de Defesa Sanitária, Univates, Sindicatos, Emater, mas especialmente com o apoio das administrações municipais (Arroio do Meio, Capitão, Travesseiro, Nova Bréscia, Pouso Novo e Coqueiro Baixo) e produtores que compõem a comarca se envolveram e investiram no programa, com o objetivo de certificar a sanidade de 2.724 propriedades, o que é importante para a defesa da segurança alimentar, num mundo cada vez mais globalizado. Com a certificação das propriedades, que ainda é muito rara no país, embora o programa já tenha sido lançado há uma década, pelo Ministério da Agricultura, a expectativa é de que esta diferenciação da qualidade na produção do leite possa também trazer melhores preços para quem está com a propriedade certificada. É uma nova etapa de trabalho que deverá ser feita junto às empresas que industrializam o leite. Politicamente quem deverá puxar a frente serão os próprios prefeitos que fazem parte da comarca. Eles deverão debater e estudar o assunto internamente com os setores competentes e em reunião marcada para o dia 24 de agosto deverão ser anunciadas estratégias que beneficiem os produtores de leite. É um desafio, mas certamente não adianta ter propriedade certificada se o preço não compensar. O envolvimento dos prefeitos será importante.
Calçando o mercado interno
A venda de calçados no varejo cresceu 10% no Brasil, no primeiro semestre de 2011 em relação a 2010, o que é interessante sob o ponto de vista comercial. Mas não é para a indústria nacional. É que mais de 40% desta demanda está sendo atendida pela importação de calçados. Foram importados 19,2 milhões de pares, grande parte, vindos da Indonésia, Vietnã e do tradicional mercado chinês, que consegue produzir a um custo bem menor que o brasileiro. As empresas brasileiras exportaram menos em relação ao ano passado no primeiro semestre. Segundo dados divulgados pelo site da Abicalçados, as exportações foram de 56,8 milhões de pares
Sobram vagas – Na área de abrangência do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Calçado em Arroio do Meio, Capitão e Travesseiro, em torno de 1,5 mil trabalhadores estão trabalhando em fábricas calçadistas. Guinter Hoffmeister, tesoureiro da entidade, estima que este número poderia chegar a 2 mil ocupações, que não são preenchidas, por falta de mão de obra local. Segundo ele, as empresas chegam a buscar trabalhadores em municípios vizinhos como Venâncio Aires. Mirtes Kunzler, responsável pelo Sine, acha que em parte a dificuldade de preencher as vagas disponíveis nas fábricas de calçados é que o salário pago na indústria calçadista é mais baixo do que é oferecido pelas indústrias do ramo de alimentação e de outros setores Em compensação, as fábricas de calçados são uma alternativa para muitos trabalhadores em busca do seu primeiro emprego, ou que estão na faixa de 16 a 18 anos.
Cade x fusão da Sadia e Perdigão
Foi aprovada na semana passada oficialmente a fusão da Sadia e Perdigão, – a BRF – Brasil Foods, um processo que estava em andamento há bastante tempo entre as duas empresas que nasceram em cidades catarinenses. A Sadia, em Concórdia, e a Perdigão, em Videira, que juntas têm uma receita anual superior a R$ 20 bilhões. O martelo foi batido pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), um órgão que foi criado para evitar concentração de oligopólios, ou para garantir a livre concorrência. Neste caso da fusão da Sadia e Perdigão, o conselheiro Carlos Ragazzo escolhido para estudar o processo, sendo o relator (o fez durante dois anos), votou contra a fusão. Mas foi voto vencido. Os demais quatro conselheiros votaram a favor da fusão, fazendo com que agora a Sadia e Perdigão se tornem praticamente absolutas no mercado de processamento de carnes, congelados e margarinas. Cabe ainda ressaltar que só votaram cinco dos sete porque um, Fernando Furlan, é primo de um diretor da Sadia, Luis Fernando Furlan, que também foi ministro do Desenvolvimento do Governo Lula. O outro conselheiro também se absteve porque estava envolvido em uma das partes.
Enquanto para o mercado das duas empresas e para o governo (garantia de impostos) a oficialização da fusão é considerada benéfica, a mesma garantia não se pode dar a milhares de produtores e consumidores. É verdade que com a oficialização as duas empresas se transformam numa das 10 maiores empresas do ramo da alimentação das Américas, com racionalização de gastos, o que já vem ocorrendo na prática, mas há quem diga que o Cade não cumpriu seu papel aprovando a fusão, porque esta concentração não é saudável para os pequenos produtores que ficam excessivamente dependentes e vulneráveis ao que será ditado pelo oligopólio, pelo menos a médio e longo prazo. Assim como o negócio não é bom para os produtores, não é interessante para os consumidores que terão menos opções na hora da compra.