Muito interessante a reportagem de ZH do último domingo do jornalista Itamar Melo que analisa o comportamento do gaúcho que valoriza o conflito na busca de soluções dos problemas. Segundo a reportagem, as raízes são históricas e podem ser atribuídas em parte ao fato de estarmos situados geograficamente em uma zona de fronteira. Como tal, o Rio Grande do Sul esteve exposto a muitas guerras e de lança e faca na mão procurou defender seus interesses.
Na condução política, apesar dos governos adotarem um discurso conciliador, a presunção de cada lado é a seguinte: eu e os meus somos o bem, os outros são o mal. Projetos com pontos positivos e negativos são rejeitados porque não há negociação,” diz a cientista política Maria Isabel Noll. Barreiras ideológicas que se dividem entre “ um liberalismo pouco humano e um socialismo que não se preocupa com a eficiência e a falta de recursos agravam a situação do RS “ diz a reportagem, com a qual certamente muitos concordam.
Outro agravante que vai deixando o Rio Grande do Sul para trás é o poder descomunal de que gozam corporações, sindicatos e grupos de interesses que têm alto poder de organização com cacife para influenciar o parlamento, mobilizar a opinião pública e gerar desgaste para os que se opõem.
Em último lugar
Ainda na sequência da mesma reportagem, foi publicado o ranking do percentual de investimentos em relação à corrente líquida em 2009. Dos 27 estados, quem lidera é o Acre, com 39,6% de capacidade de investimento seguido do Espírito Santo, com 33,6%. O RS está em 27º lugar, com o pior desempenho em investimento, com capacidade de apenas 3,5%.
O selo de qualidade no leite x preço diferenciado
Ainda são tímidas as perspectivas de valorização real dos preços pagos aos produtores que investiram no Programa de Erradicação de Brucelose e Tuberculose nos municípios que integram a Comarca de Arroio do Meio. Além de nenhum produtor de Arroio do Meio ter recebido seu certificado, o que representa uma garantia documental, outro problema desanima e deixa desconfiados os que investiram na qualificação do seu produto: não há por enquanto nenhum garantia de que será pago um diferencial pelo produto habilitado livre de brucelose e tuberculose. Não há uma entidade organizada que se preocupa em defender os interesses do produtor que se prontifique a intermediar uma negociação com as indústrias que disputam de forma acirrada o mercado leiteiro. Um levantamento feito pela secretaria da Agricultura de Arroio do Meio aponta que já foram investidos na comarca onde o projeto foi implantado mais de R$ 2 milhões.
Só em Arroio do Meio, foram investidos no total mais de R$ 836 mil. Destetotal, coube no rateio aos produtores de Arroio do Meio investir em torno de R$ 181 mil. Pelo estudo, as entidades que participam do programa incluindo União, Estado, municípios e produtores a média por cabeça foi de R$ 62,90. Um cálculo feito pelo engenheiro agrônomo Paulo Steiner avalia que no total foram investidos em torno de R$ 0,044 por litro de leite (base de cálculo feita pela produção de 19 mil litros em 2010), o que sugere que se fosse retribuída pela indústrias parte deste valor já representaria muito para a economia do leite e para as pretensões do Vale dos Lácteos.
Oposição ao governo Tarso I
O deputado Edson Brum (PMDB) fez duras críticas ao governo de Tarso Genro no seu pronunciamento durante o encontro regional do partido, no sábado passado. Ele criticou a falta de coerência do governador e disse que por enquanto é o pior governo dos últimos anos, referindo-se à criação dos 501 cargos de CCs no início do ano, derrubados em parte via judicial na semana passada; a falta de coerência no pagamento do piso nacional para os professores gaúchos, a política de salários para os policiais militares, os mais baixos pagos no país, (média de R$ 1.170,00) e aumento de impostos, uma política diferente da pregada enquanto candidato e na oposição.
Oposição II
O deputado estadual Alexandre Postal, que também esteve em Arroio do Meio e integra a bancada de 8 deputados que representam a oposição ao governo estadual, cumprindo o papel que lhes cabe pelo voto, disse que o Rio Grande do Sul está com o ministro Mendes Ribeiro Filho pela sua história e competência resumindo: “Como ministro da Agricultura, se não te meteres em confusão, já serás um sucesso.”
Mais espaço e autonomia
Apesar de divergências em relação à postura dos líderes políticos do PMDB de Brasília com os do Rio Grande do Sul, o discurso geral foi pela unidade do conteúdo de contribuição ao desenvolvimento do país. Ou seja: a tônica das manifestações foi de que o PMDB pela sua importância histórica não pode deixar de ocupar espaços onde houver, para contribuir e recuperar mais poder na esfera dos executivos e legislativos. Defendeu-se que as alianças ocorrem de acordo com maior ou menor afinidade. Em vários municípios do Vale do Taquari, o PMDB está próximo do PT.