As fotos antigas que aguçavam seu olhar na casa da avó Olívia, no Passo do Corvo, em Arroio do Meio, somadas as que seus pais Hilga e Eurico guardavam na gaveta de uma cômoda sempre despertaram no ainda menino Heinz Schnack o gosto pela fotografia. Era um deleite observar aqueles curiosos registros de família, construções antigas, imagens, semblantes, sempre muito atento aos mínimos detalhes.
Por isso, quando fez sua Confirmação e recebeu como presente dos padrinhos algum “cachê” um pouco maior não teve dúvida: comprou sua primeira máquina fotográfica. Era início da década de 1980 e Heinz viajou a Porto Alegre. Na bagagem de volta, trazia uma máquina Mirage.
Com ela, fez os primeiros registros a partir do seu ponto de vista e, assim, comparando imagens feitas uma após outra pôde ir formando seu próprio estilo. Fotografou com a Mirage por pouco tempo, e quando ela foi roubada aconteceu um tempo natural para que amadurecesse suas ideias e seu sentido de fotografia. Após um período sem maiores inspirações, voltou ao hobbie, desta vez com uma máquina ganha de prêmio em um concurso fotográfico que participou em Estrela, com o registro feito em close, com uma máquina emprestada, de uma trepadeira são-joão, bastante comum na região. Mas uma das melhores máquinas que já teve veio mesmo da Alemanha, trazida por encomenda pela amiga Cinara Jung. Atualmente, pela dificuldade em encontrar os filmes adequados, o objeto se transformou em uma boa e saudosa lembrança guardada em seu baú.
A paixão pela fotografia – que Heinz define como uma boa oportunidade de expressar-se – foi ficando mais apurada e hoje, passados já alguns bons, a ideia de que uma fotografia eterniza um momento soma-se também à descoberta de que fotografar permite possibilidades de oferecer novas versões: “imagens inusitadas, que deslocam do ponto comum, revelando uma maneira diferente de olhar, de perceber o mundo, toda a perfeição da criação divina.”
Apesar de seus registros relativamente convencionais, Heinz é um profundo admirador da fotografia contemporânea alemã, e se encanta com essa maneira conceitual em retratar e principalmente com a maneira como são feitos os registros, com corte aparentemente inadequado, quem sabe sem foco exato.
Definindo-se como autodidata, a observação das imagens, o arquivo mental formado, com influências fortes da imagem mais banal possível, como de um anúncio de revista, foi ajustando o seu foco e sintonia com a fotografia. Basicamente define sua formação como “experimentar, comparar, melhorar e por isso hoje sinto que essa dialética trouxe uma evolução satisfatória.” Confira a matéria completa na edição impressa.