Governo federal anuncia aumento de 7% para 37% no IPI dos carros importados, previsto para novembro. A medida deve travar a invasão de produtos chineses no Brasil, que chegaram ao mercado automobilístico, e fortalecer a economia interna. Entretanto, a associação das importadoras de automóveis une forças para que o decreto seja revogado.
O preço dos veículos chineses chega a ser 40% mais barato que os nacionais e eles prometem economia 25% superior no combustível. Mas, apesar das vantagens, as marcas ainda enfrentam a desconfiança do consumidor.
As importadoras defendem a igualdade nos impostos, julgando-a saudável para melhorias no setor através da concorrência. Além do mais, estas empresas pretendem investir pesado na instalação de montadoras no Brasil para conquistar o mercado, bem como adequar-se de vez ao gosto do consumidor. Algumas delas, como Effa Motors, Lifan, Geely, Chery e a Chana já chegaram por aqui. A entrega dos carros no pós-venda deve ser mais rápida, a manutenção mais eficiente.
Apesar de alguns carros dessas marcas virem com itens de série: ar-condicionado, direção hidráulica, trio-elétrico e freios ABS, além de combinarem bons preços que podem chegar a ser 30 % mais baratos que os populares brasileiros, ainda existe muita desconfiança com os chineses. Isso já ocorreu também com outras marcas vindas de fora do país.
As montadoras Honda, Hyundai e Kia Motors são algumas das montadoras asiáticas que demoraram a chegar ao gosto popular. Uma quantidade baixa de redes de oficinas e a demora para receber as peças eram tidas como grandes obstáculos, que ao longo do tempo foram sendo sanados pelas montadoras.
O maior desafio a ser vencido pelos chineses em solo brasileiro não é apenas o de oferecer preço baixo e itens de série, pois nesse quesito eles já mostraram ser bastante atrativos. Oferecer redes de oficinas e peças a pronta entrega parece ser a melhor forma de atrair o exigente consumidor brasileiro.
Representantes regionais
A concessionária Eadaí-Effa Motors, localizada na BR 386 em Estrela, simboliza o avanço chinês em solo nacional. De acordo com o proprietário Luciano Fraga Lima, a maior relevância dos veículos está no custo-benefício. “O consumidor brasileiro está acostumado a pagar caro por um pouco de conforto. Quando se deparam com o design e tudo o que o veículo oferece a compra é certa”.
Pequeno por fora, espaçoso por dentro e com os melhores itens de série do mercado. Ar-condicionado, vidros e travas elétricas nas quatro portas, farol e lanterna de neblina, rodas de liga leve, break light, entre outros. “Pessoalmente o item que mais gosto é a direção elétrica, que diferentemente da direção hidráulica independe da energia do motor para funcionar, melhorando o desempenho entre 3 e 5 cavalos e o consumo entre 5% e 8%”, relata Fraga.
A concessionária têm veículos para todos os segmentos, que atendem desde o consumidor que precisa de um veículo ágil no trânsito urbano para uso diário até o cliente que se preocupa com o consumo para o trabalho, como, por exemplo, representantes comerciais. “Uma grata surpresa foi a busca de empresas que necessitam desse custo-benefício para sua frota”, comentou.
Segundo ele, os utilitários, picapes de caçamba longa, ou de cabina dupla e minivans atendem praticamente todos os nichos de mercado devido ao grande volume de carga que podem transportar, economia de combustível e principalmente o baixíssimo custo de manutenção. E para quem precisa de maior volume de carga, os caminhões N601 e N900 para 3 e 4 toneladas respectivamente têm “sem dúvida o menor preço da categoria”.
Além da concessionária de Estrela, a companhia ainda atua em Capão da Canoa e Santa Cruz do Sul e soma mais de 100 veículos vendidos e aguarda licitações de prefeituras. “Novidades estão chegando. Como um caminhão para 1,9 toneladas e uma picape cabine dupla, a Plutus, que já tem seis clientes na fila de espera, e ainda nem sabemos o preço”.
A concessionária também conta com oficina para manutenção no local. Grande parte das peças da parte mecânica é compatível com as linhas nacionais. “Independente do conservadorismo, estamos crescendo mês a mês. A nossa maior mídia está nos próprios proprietários da Effa Motors. A maioria dos clientes nos procuram com experiências positivas passadas por amigos e parentes, o que nos deixa ainda mais satisfeitos. Assim estamos aumentando nossa participação no mercado de forma sólida e com capacidade de atender a todos, seja em vendas, seja na assistência técnica”.
O proprietário da concessionária espera um veto ao reajuste no IPI aos importados para que as vendas continuem aquecidas, o que favorecerá o consumidor.