Recebo o honroso convite para falar aos pais, em escola do nosso município. É um desafio que muito me agrada encarar.
Fico pensando em como me situar na conversa. Os pais ali reunidos têm filhos pequenos e os meus, já são grandes, até já estão criando os seus próprios filhos. Deste modo, sei que me falta a percepção das dificuldades reais do momento presente. O que tenho para oferecer é a minha visão de mundo, a minha experiência e o meu coração.
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Acho que o primeiro passo é reconhecer que a educação de uma criança começa uns 25 anos antes de ela nascer. Ou seja, começa com a educação de seus pais. E os pais que querem educar os seus filhos de forma saudável precisam se sentir bem consigo mesmos. Ninguém pode fazer bem, se não está bem. Pessoas agressivas, contrariadas, fingidas aumentam as dificuldades naturais da vida.
Por isto é importante cultivar a paz interior. Se há um buraco de insatisfação dentro do peito, cabe conquistar serenidade, coisa que, aliás, não se faz de um só golpe. É bobagem pensar que ser dono de coisas ou que ser chefe de muitos ou que ter foto em jornais funciona como passe de mágica. A serenidade é conquistada palmo a palmo, pela valorização do agora, pelo silêncio, etc…
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É bom que os pais pensem no que lhes cabe ensinar aos filhos, para ajudar o sucesso da escola. Uma coisa está ligada na outra. Ou seja, não funciona simplesmente terceirizar a educação das crianças. Entre tantos valores, penso que a família deve ensinar a não fazer aos outros o que não queremos que eles façam a nós. Isto vai prevenir muito desrespeito e abuso. Os pais também devem ensinar a gostar de aprender e a acreditar nos benefícios do conhecimento. Mas isto será impossível numa casa que desaprova a curiosidade, que repete sempre as mesmas comidas, as mesmas conversas…
É importante que os pais acompanhem o trabalho da escola, para comprovar que ela cumpre os papéis que lhe cabem – como ensinar a ler, a escrever, a pensar com lógica, a trabalhar em grupo, a querer evoluir. Está mais que provado que, se os pais levam a sério os deveres da escola, os filhos levam também. Mas o objetivo maior não pode ser tirar nota boa, o objetivo é aprender. Nota boa vai ser consequência.
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Os pais podem pegar emprestada a frase seguinte: “Sempre que plantei roseiras, eu colhi rosas”.