Um dos editoriais da edição de terça-feira desta semana, do jornal Zero Hora, chama a atenção sobre a fiscalização da sociedade perante os administradores públicos. Interessante discutir o assunto, justamente quando estamos às vésperas de escolhermos, através do voto, nossos representantes municipais. Relata o texto que a Confederação Nacional de Municípios (CNM) acaba de divulgar levantamento que mostra bem o quanto aumentou a vigilância da sociedade sobre os administradores públicos. Dos 5.563 prefeitos eleitos ou reeleitos nas últimas eleições municipais, 274 perderam o mandato em decorrência de ações de improbidade administrativa ou devido a infrações à legislação eleitoral. Vários desses políticos ficaram inelegíveis e a tendência é de o número crescer ainda mais. Por trás desta depuração está o despreparo para a função pública e, também, a vigilância da sociedade, especialmente por meio do monitoramento que a imprensa faz. Não deixa de ser uma boa notícia: assim como é preciso qualificar os homens públicos, também não é possível afrouxar a fiscalização ética e a cobrança sobre quem exerce mandato em nome dos cidadãos. Um aspecto importante do estudo é o de demonstrar que a má-fé ou mesmo a simples combinação de despreparo gerencial com mau uso de dinheiro público não é exclusividade de um ou outro estado, mas atinge a todos. Do Piauí, com 50 perdas de mandato, a Santa Catarina, com 13, as razões estão ligadas acima de tudo à improbidade administrativa e a infrações à legislação eleitoral. Na prática, isso significa desvios de verbas e falta de comprovação de uso de dinheiro público ou razões ainda ligadas à campanha eleitoral. Às vésperas de mais uma eleição municipal, a pesquisa serve de alerta para o fato de que não basta o candidato ao cargo de prefeito ser uma figura conhecida na cidade ou uma pessoa carismática. É preciso que se mostre preparado para gerir dinheiro público com seriedade e tenha uma visão clara sobre os desafios com os quais se defrontará no cargo. Cabe ao eleitor exigir que os postulantes a assumir o comando de um município tenham habilidade e formação para o exercício do cargo, além de preocupação permanente com a ética.