Sábados e domingos são maravilhosos e estritamente chatos. A maioria espera com ardente sofreguidão a possibilidade de dormir mais, dar-se tempo só para si, resolver pepinos e quem sabe testar aquela receita especial, desculpa perfeita para reunir amigos e uma lista enorme de atividades impossíveis nos dias que antecedem o final de semana. O problema é o voo acelerado do tempo que se confunde a uma mórbida lentidão. Contraditório? Quem consegue cumprir a lista de tarefas domésticas em um sábado quando a maioria do comércio fecha ao meio-dia? Afinal de contas, comerciante também é filho de Deus! Mais: quem consegue confirmar um programa diferente sem passar por estresse por mais leve que seja?
Se a semana agita-se entre crises, acidentes e rotinas, no sábado queremos relaxar. Mas domingo, reclamamos da monotonia até a noite iniciar e os compromissos da segunda-feira alertarem a velha consciência. A felicidade de poder quebrar a rotina abre as portas para uma nova vida. Assim, aconselho a não se projetar atividades domésticas demais. Os parques e praças lotam, as crianças gritam muito mais alto nos findis, mas permanecer vitrificado, assistindo tevê, é também desperdício de energia.
Li certa vez, que o segredo para deixar qualquer final de semana mais proveitoso, fluindo sem muitos atritos, por mais contraditório que possa parecer, é caprichar na organização e disciplina. Por exemplo: criar um ritual para esses dois dias. Enfeitar a casa com flores, apagar lâmpadas, usar velas pra iluminar só o que interessa. Luz forte, só no escritório. Lá devem permanecer os problemas da semana. Cinema, teatro, encontro na casa de amigos, cozinha com uma receita especial ou uma bebidinha especial também é bom. Mas nada deve lembrar um sacrifício burocrático. Quando diversão vira dever é chato.
Troque de ambiente, ou seja, mesmo em casa, use mais a sacada, ou o cantinho gostoso que todo pátio tem e, se não houver, experimente a janela. Veja gente cruzando a rua, sob sol ou chuva, acompanhe o movimento das formigas que não têm folga, principalmente curta a sensação de não existir obrigação maior do que um necessário relaxamento. Opções de lazer nunca faltarão para todos os bolsos e locais. Sem essa de que você vive em um lugar desinteressante. No fundo, o que mais atrapalha qualquer diversão é a ansiedade.
A mania de muitos em passar o final de semana deitados, dormindo, eu respeito. Mas os médicos advertem que nestes casos se queimam etapas bem legais, além de atrapalhar o relógio biológico. Acordar e ficar rolando na cama só porque é sábado não tem nada a ver. E para o final de domingo quem sabe não se pode propor um jantar leve entre amigos? Importante é evitar a monotonia das atra-ções nada fantásticas do “findi” que se encerra e deixar a chateação para o horário comercial. Aliás, se o sábado e domingo forem bacanas, todas as cinco “feiras” da semana serão igualmente menos tediosas.