Dilma Roussef na ONU: “Substituir Teorias Defasadas de um Mundo Velho, por Novas Formulações para um Mundo Novo.”
Primeira mulher a abrir uma Sessão da Assembleia Geral da ONU desde 1947 – quando Osvaldo Aranha, alegretense, presidiu a Criação do Estado de Israel – Dilma Rousseff foi bem mais além, como pudemos acompanhar em seu pronunciamento, que aqui vai em parte:
“Divido esta emoção com mais da metade dos Seres Humanos deste Planeta, que, como eu, nasceram mulher e com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no Mundo. Tenho certeza, Senhoras e Senhores, de que este será o Século das mulheres! Na Língua Portuguesa, palavras como Vida, Alma e Esperança pertencem ao gênero feminino. São também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: Coragem e Sinceridade, pois é com Coragem e Sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.”
Logo adiante, Dilma enfatiza:
“Mais do que nunca, o destino do Mundo está nas mãos de todos os seus Governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos juntos, vencedores, ou sairemos todos derrotados. Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos – até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras.
Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos Países Desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a Crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e, algumas vezes, por clareza de ideias. Ficam presos à armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da Sociedade.
O desafio colocado pela Crise é substituir Teorias Defasadas de um Mundo Velho, por Novas Formulações para um Mundo Novo.
Enquanto muitos Governos se encolhem, a face mais amarga da Crise se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no Mundo, 44 milhões na Europa e 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras Regiões do Planeta.”
Mais adiante, Dilma Rousseff alerta:
“O Mundo se defronta com uma Crise que é, ao mesmo tempo, econômica, de governança e de coordenação política. Não haverá retomada da confiança e do crescimento, enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais Instituições Multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros Organismos.
A ONU e essas Organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica. Há sinais, evidentes, de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará a resolução dos problemas fiscais.
Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela Crise. Os países emergentes podem ajudar. Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global.”
Dilma cita, ainda, sua posição quanto à Palestina fazer parte da ONU – e receber um tratamento compatível – o que foi justamente o defendido e obtido por Osvaldo Aranha para Israel, isso há 64 anos. Ao encerrar seu pronunciamento, a Presidenta do Brasil foi entusiasticamente aplaudida pelos participantes da Assembleia da ONU, grande parte deles em pé, claro sinal de aprovação.
Enquanto Dilma Rousseff recebia o aplauso de todos, o Presidente Barack Obama encaminhava-se ao púlpito, para defender sua posição segundo a qual a Palestina, antes de entrar para a ONU, tem que conhecer melhor Israel.
Mas, talvez, a melhor maneira de se fazer justiça seja torná-los “vizinhos de porta”, não lhe parece?