O Brasil ostenta os maiores índices de desperdício de alimentos do mundo. Vergonhoso para um país com 46 milhões de famintos. Estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que o brasileiro joga fora mais do que aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante.
Se a realidade não fosse tão triste se poderia ironizar ao dizer que, se a metade do país que faz regime para perder peso repassasse a comida para a outra metade que passa fome, o problema estava resolvido. Lamentavelmente os dados são estarrecedores e o pior: a perda se inicia na própria colheita dos produtos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que nas 10 maiores capitais brasileiras o cidadão consome 35 quilos de alimentos ao ano – dois a menos do que o total que joga no lixo. O resumo dos levantamentos denuncia que a média de desperdício de alimentos no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos este índice alcança 10%. Não existem estudos sobre o desperdício nas casas e restaurantes, mas a estimativa é de que a perda no setor de refeições coletivas chegue a 15%. E nas cozinhas a 20%.
Certamente teríamos menos famintos
se a produção de alimentos fosse
melhor transportada e acondicionada
A situação se agrava quando se verifica que a perda de alimentos se dá, na maioria das vezes, por despreparo das pessoas do ramo da agroindústria e dos próprios consumidores. Na hora da colheita, muitas vezes, o produto é arremessado de longa distância, sem amortecedores. No transporte, as bananas vêm amassadas pelas caixas de madeira empilhadas uma sobre as outras. Nos atacadões, os abacaxis que vieram amontoados nos caminhões continuam amassados nos balcões onde são vendidos.
No supermercado, o descuido continua e se agrava. É comum ver pessoas apertando tomates, bergamotas, laranjas e outros frutos com prejuízos irreversíveis. Qualquer mancha ou sinal diferente sela o destino do produto: o lixo. E isso ocorre com a vagem, o chuchu, a cebola, couve-flor, repolho e a maçã, entre outros.
As vergonhosas estatísticas revelam também que do total de desperdício no país 10% ocorre durante a colheita, 50% no manuseio e transporte dos alimentos, 30% nas centrais de abastecimento e 10% ficam diluídos entre supermercado e consumidores.
Conteúdo escolar, treinamento de trabalhadores do setor e campanhas de conscientização certamente minimizariam as perdas e poderiam determinar o melhor aproveitamento de todo o alimento produzido em nosso rico país.
Ainda a Amam – Na coluna da semana passada, sob o título Vamos salvar a Amam!, cometi um pecado imperdoável! Esqueci de citar o nome da LEDA MARIS POLETTO, presidente da entidade, grande amiga, parceira e uma verdadeira batalhadora de tantas causas beneficentes de Arroio do Meio. Me perdoe, Leda! Certamente outros abnegados foram esquecidos no meu texto, mas não foi proposital. Por isso peço desculpas públicas!