Dois mil e onze compôs-se de 365 dias, nos quais eu bem poderia ter ficado um bom tempo como concorrente a acertador da Mega-Sena, Quina ou mesmo Loto Fácil.
Nada disso aconteceu, até porque eu já havia decidido priorizar a Portal Mix, como um resumo de tudo que o que pudesse fazer pelo Rio Grande, com o qual me identifico.
Viver meus primeiros dez anos, quase todos em cidades do interior e ter, entre minhas primeiras alegrias, montado em pelo, com o orgulhoso Ciro Moreau (pai), irrompendo Lavras do Sul a dentro, na disputa com o guri que montava feito índio, são recordações que vêm, sempre que chega a hora de passar a limpo mais um ano que se despede.
Entrei em 2011 lutando pelo aeromóvel, em briga da qual saí com um único prêmio: o estado inteiro lucrará andando no veículo que, dentro de no máximo 12 anos, chegará a quase todos os recantos do planeta, como caminho para a locomoção no coração das cidades mais populosas.
Pode existir prêmio melhor para um jornalista?
Depois de Carlos Antonio Gomes, em 1992, ter sugerido o “trem-bala” como forma de desafogar o trânsito na temporada de praia e ter, por isso, se transformado em gozação da maioria (quem mandou pensar?), recebi centenas de e-mails e cartas criticando o apoio à ferrovia, no entender dos críticos um veículo capaz de ótimo desempenho… no festival das velharias aposentadas.
De pouco adiantou mostrar, ao longo dos três últimos anos, o trem como a grande saída que europeus e norte-americanos utilizaram para decolar e chegar ao sucesso e à fortuna, décadas atrás.
Foram os trilhos que lá mantiveram, vivo, o grande percentual de gente que, aqui, matávamos em um trânsito maluco e desorganizado.
Em 2011, o Brasil, por seus administradores, admitiu a ideia de que a ferrovia é a grande ferramenta capaz de ajudar na preservação da vida dos brasileiros, em se tratando de trânsito.
Os projetos já em desenvolvimento assim o demonstram.
Como jornalista que escreve mais de 150 crônicas, durante o ano, em dezenas de jornais e para quase 250 mil leitores semanais, tive como prêmio dois cancelamentos de mídia – minha forma de sobrevivência – por afirmar que de nada adiantariam campanhas para reduzir as mortes no trânsito, se deixássemos os motoristas bêbados decidirem, por si só, se beijariam ou não o bafômetro, o que parece foi entendido a tempo. Sigo na busca da mídia, em troca de leitores cada vez mais fiéis e que continuarão vivos, porque as facilidades dos que guiavam de maneira irresponsável, acabaram.
Preconizei uma nova pesquisa sobre mortes no trânsito, na qual (pesquisa) chegaríamos a confirmar, a cada 10 acidentes fatais, a presença de 6 veículos pesados (caminhões ou ônibus) entre eles.
Culpa de quem? Das estradas deficientes e motoristas cansados, no caso dos ônibus e dos caminhoneiros dirigindo sem condições de trabalho pelo estresse do horário ida e volta e da carga extra que devem procurar no último local da viagem para, no retorno, poderem arcar com o pagamento do pedágio.
Dois mil e doze será diferente: os ministros – já pelo exemplo deste ano – serão levados a pensar certo: são eles os empregados públicos e não o povo e a Presidenta será reconhecida como Presidenta, primeira e única, até agora, a que preconizei que não conseguiria fazer pior do que os homens já haviam feito. Até agora, estive certo.
O que Saint Hillaire profetizou, há 190 anos, o Catamarã recomeçou a fazer agora (nova linha Guaíba/ POA/Guaíba). As estradas poderão ser líquidas, mas sem álcool.
A vida será melhor em 2012, que aliás, terá 366 dias. É um dia a mais para ser vivido.
* Drummond de Andrade