O rio Taquari inicia em São Francisco de Paula com o nome de rio das Antas. Na divisa com São Valentim, Cotiporã e Bento Gonçalves, o rio das Antas encontra-se com o rio Carreiro e forma o rio Taquari. Cerca de 180 quilômetros distante desde a nascente, faz a divisa dos municípios de Arroio do Meio e Colinas. A estiagem, que já chega aos 200 dias sem precipitação significativa na região, reduziu o rio Taquari a um córrego que pode ser atravessado a pé, em várias situações, com água até os joelhos.
Na altura da antiga praia do Arsênio, no Passo do Corvo, a situação é caótica. O leito do rio está tomado por montanhas de cascalho e apenas nas laterais a água ainda flui. Nas proximidades da cidade de Colinas, várias marcas históricas de secas, comprovam que o leito do rio atingiu o nível mais baixo desde 1945. As datas nas rochas comprovam uma seca muito forte em 11 de maio de 1943, sendo superada pela marca mais baixa em 19 de janeiro de 1945. Hoje o rio está 18 centímetros abaixo desta cota registrada. Em nove dias, conforme marcação feita na rocha dia 13 de maio, o rio Taquari baixou mais três centímetros.
A água está límpida, com uma transparência de até 1,5 metros abaixo da superfície, o que comprova nível baixo de poluição, comenta o técnico agropecuário da Emater, Elias de Marco. Segundo ele, se as comunidades não tivessem os poços artesianos e se todos se abastecessem da água do rio, o leito estaria seco. Por isso, faz também um apelo para o consumo consciente ou o uso racional.
O agricultor Lothar Schneider, nascido no Passo do Corvo, não lembra de situação semelhante. Sobre a seca de 1945, comenta apenas uma triste história contada pelo seu pai Urbano: “catavam todas as espiguinhas de milho encontradas na várzea para encontrar grãos que serviriam de semente no próximo plantio”. Lothar também aproveitou para mostrar para as autoridades ambientais o que, no seu entendimento, seja o principal motivo dos desbarrancamentos provocados pelo rio. Segundo ele, “as montanhas de cascalho no meio do rio, obstruindo o leito principal, empurram as águas para as laterais. É importante plantar árvores nas margens, mas de nada vai adiantar enquanto não se corrigir o leito principal do rio Taquari. Agora é a hora para fazer estas avaliações e traçar metas”, conclui. TAS