A verdadeira atitude atlética a ser tomada quando o Brasil disputa uma Olimpíada, deveria ser sair de férias durante todo o período dos Jogos e ficar torcendo como um fervoroso brasileiro que entende o que passa pela cabeça de uma torcedor.
Fixos no Brasil todo o tempo, pela nossa inesgotável situação de assistir os Jogos pela TV, nada mais nos resta do que incentivar nossos representantes daqui mesmo, muito embora acompanhando todas as ligações à longa distância o que faz, de mim, ao menos, uma espécie de alguém que chegou atrasado a um aniversário e que perdeu o melhor da festa.
Curto os Jogos Olímpicos como se neles estivessem todos os meus filhos e torço pelos nossos como se pudesse, dessa forma, confirmar o esforço que leva a escrever, todos os anos, 52 páginas para bem mais de uma dezena de Jornais do Interior Gaúcho.
Ao longo de muitas dessas criações, me vejo como se estivesse prestes a quebrar um recorde, que poderia ser representado pelo filho com o qual compus 500 páginas ou que já me incentivou a escrever dezenas de poesias.
Cada vez que ligo a TV para acompanhar, ao vivo, as atuações de maiores qualidades atléticas de brilhantes pessoas do nosso esporte, vejo ao longo dos estádios, piscinas, campos ou arenas, os rostos de centenas de brasileiros – aqui residentes ou não – mas inconfundíveis com seus sorrisos de sol, seus olhos de samba ou suas vestes flamenguistas, corinthianas, coloradas, vascaínas ou gremistas.
Todos sorrindo muito, como se a felicidade fosse um prêmio que a eles cabe entregar em especial, já pela proeza de poder estar onde eu gostaria, mas não me preparei a contento.
Sinto-me ainda mais brasileiro, quando a formação das equipes ou mesmo a pose individual, coloca-se próxima ao local onde os prêmios serão entregues.
Na subida das bandeiras, quando o Hino Nacional mais uma vez se mostra seguro de estar entre os mais festejados do mundo, finjo que não estou nem um pouco comovido e arrisco ir até o refrigerador, para buscar uma água mineral e o que ela pode fazer à minha sede, de cuja marcação, meu destino de atleta não consegue se livrar.
Sempre acho – com indiscutível razão – que o Brasil está sendo injustiçado pelos juízes, dificultado pela direção dos Jogos, esquecido pela sorte e posto de lado pelos titulares do Ministério dos Esportes.
Decididamente, tomarei providências para no Rio de Janeiro, em 2016, ver o que posso fazer pelo meu país nos Jogos a serem lá disputados.
Só que desta vez, tenho plenas ideias do que fazer no lugar de assistir os Jogos ao vivo: irei com minha mulher, Beth, um mês depois das Olimpíadas até o Rio de Janeiro, claro, mas não chegarei nem perto dos locais dos Jogos.
Gosto do Rio agitado, mas pelas ondas de Copacabana, cheio do Sol de Ipanema e com o Maracanã lotado, para ver o Flamengo perder para o meu Grêmio, de 3 a 2, como aconteceu quando o meu time foi lá, Campeão Brasileiro.
Assim, estarei onde os Jogos Olímpicos foram realizados. E é claro que não estarei lá para receber as medalhas.