Recentemente houve grandes manifestações de protesto no Japão. Milhares de pessoas reunidas diante da residência oficial do Primeiro-Ministro mostraram que são contra a reativação de usina atômica na região de Fukushima, depois do acidente nuclear de março do ano passado.
A população japonesa é tradicionalmente ordeira e conformista. Protestos não são uma coisa comum. Mas agora é diferente. A preocupação com o futuro vem colocando a população na rua. Acontece que quase um terço da eletricidade do país era produzida por reatores atômicos, até que acontecesse o desastre. No momento em que o governo decidiu reativar os reatores, a dúvida sobre a segurança do sistema está falando mais alto.
Se não conseguirem outro resultado, os manifestantes terão garantido atenção para o assunto e a manutenção mais rigorosa das usinas nucleares. Isso não é pouco.
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Parece justa a preocupação dos japoneses, mas quero falar de outra coisa.
Estou me perguntando quanto tempo ainda vai demorar para nós, os brasileiros, sairmos à rua para protestar. Os motivos sobram.
Levanta a mão aí quem não fica furioso ao ver como o dinheiro público escorre pelos ralos da corrupção e da negligência dos governos. Numa empresa a gente poupa nos clips, racionaliza o uso do telefone, controla os resultados, simplifica os processos, fica de olho na satisfação dos clientes, aprende com os erros, etc. Por que as organizações públicas não precisam fazer a mesma coisa?
Estou me perguntando quanto tempo ainda vai demorar para nós darmos um pau na burocracia brasileira – esta máquina de empregar gente para multiplicar papéis e atravancar a vida e os negócios.
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O que nós, os brasileiros, sabemos fazer é xingar, mas na mesa do bar, na reunião de amigos… e pronto. Ah! Também contamos piada sobre as nossas agruras – como se falar fosse igual a fazer.
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Por isso mesmo, palmas para o pessoal de Arroio Grande, que botou o bloco na rua. Estão cansados de receber palavras em vez de asfalto. Decidiram que agora chega. Quem passa por Arroio Grande pode ver a indignação escrita nas placas ao longo da estrada.
Tomara que esta história tenha final feliz. E que sirva de inspiração para todos nós.