Amigos e familiares rechaçam com veemência uma opinião que repito à exaustão.
Não pretendo ficar tão velho a ponto de depender dos meus filhos, da esposa ou de enfermeiras. Chegar, digamos, até os 70 anos seja o suficiente. Depois talvez seja choro, ranger de dentes, além de fraldas geriátricas, bengala ou andador, pilhas de remédio e restrições de todo o tipo, Imagino ser obrigado a abrir mão da cerveja gelada com a costela gorda, sem falar da massa com molho e o sorvete na sobremesa do churrasco dominical. Sem falar da proibição ao chocolate.
Os jornais costumam encartar documento que permitem o depósito – com valores de livre escolha – em benefício de diversas entidades. Os asilos são meus preferidos. Curiosos, meus filhos perguntaram os motivos: “Quero garantir um lugar tranquilo para o dia em que tiverem a casa de vocês, filhos e um monte de problemas pra resolver. Eu não quero ser mais um”, costumo explicar.
A qualidade de vida depende do estilo que adotamos já a partir da juventude. Pratiquei muito esporte no antigo Colégio São Miguel, com os inesquecíveis professores Adalberto Brod, Rogério Rother e com o capitão Alceu Thomé.
Mas hoje a realidade é muito diferente. Caminho sem frequência definida ou disciplina rígida. Minha dieta é, na verdade, a antidieta porque não inclui café da manhã que é substituído pelo chimarrão. À tarde, os lanches que deveria ter frutas ou barras de cereal dão lugar ao chocolate e aos irresistíveis biscoitos amanteigados com saber de coco da Padaria do Gringo.
Nem precisei chegar aos 70 para usar remédios e colecionar cartões de fidelidade de farmácias
Aos 52 anos será difícil alterar minha rotina. Prevejo alguns problemas em breve, além do colesterol e da hipertensão atualmente controlados com o uso de medicamentos diários. Viram Não precisei chegar aos 70 anos para colecionar receitas, bulas e cartões de cliente preferencial de drogarias, embora ainda consiga caminhar e cumprir minha rotina sem ajuda dos filhos.
Apesar da minha polêmica opinião, existem inúmeros exemplos de idosos que conseguiram dar uma guinada no dia a dia. Espantaram a preguiça, impuseram hábitos saudáveis e hoje usufruem de uma invejável qualidade de vida. Isso, porém, exige força de vontade, dedicação e comprometimento. Minha mãe, aos 78 anos, recuperou-se de uma delicada intervenção cirúrgica graças ao hábito de caminhar cinco quilômetro por dia. A recuperação foi excelente, mas a dona Gerti se cuida como poucas!
Quem sabe logo adiante eu descubra uma força interna capaz de alterar meu estilo de vida, nem que seja resultado do DNA?