Pesquisa realizada pelo Instituto Methodus e divulgada pelo jornal Informativo do Vale e Rádio Independente na semana passada indica que há um grande desinteresse pela política. Pela pesquisa, 63,8% dos entrevistados se disseram pouco interessados pelo pleito eleitoral que, somados aos 14,3% nem um pouco interessados, somam quase 80%. Os dados preocupam, porque a vida das pessoas nas grandes e pequenas cidades depende de decisões políticas.
O próximo prefeito de Arroio do Meio, por exemplo, terá um orçamento superior a R$ 40,5 milhões para administrar. Como chefe da administração compete a ele administrar estes recursos da melhor forma, para o bom andamento dos serviços públicos na área da saúde, meio ambiente, infraestrutura, educação, segurança e outros. Cabe a ele analisar o orçamento e através do seu conhecimento, habilidade e visão direcionar investimentos em projetos e ações que beneficiem a coletividade a curto, médio e longo prazo. Não se espera de um prefeito que controle apenas as contas a pagar e receber. Mesmo que ele seja prefeito por quatro ou oito anos como permite a atual legislação, espera-se que ele não administre apenas para este período, mas que suas ações tenham reflexo positivo para o futuro da cidade e seus habitantes.
Teremos (Arroio do Meio) na próxima legislatura 11 vereadores, dois a mais que a atual, repetindo o número de vereadores da Câmara de 1983 a 1988 e de 1989 a 1992, quando Arroio do Meio geograficamente era maior, incluindo os distritos de Travesseiro, Capitão e Pouso Novo. Cada um dos nossos vereadores eleitos passará a partir de janeiro a contar com um salário mensal de R$ 3.734,92, tendo como uma das responsabilidades principais fiscalizar os serviços e gastos da administração pública e legislar, analisar e ou aprovar as lei municipais. Eles serão nossos representantes diretos ou “empregados” no dever de fiscalizar a melhor aplicação dos investimentos do município.
Esta resumida explicação sobre as responsabilidades dos nossos futuros vereadores e prefeito já nos dá uma ideia de que devemos analisar bem em quem vamos votar.
Além de considerar a política e as eleições importantes, independente de quem sejam os candidatos, tenho ouvido algumas explicações para justificar a falta de interesse.
Maior autonomia e população de fora
De um modo geral, as pessoas dependem cada vez menos da administração pública de uma forma direta. Há emprego, escola, creche, moradia. Entidades comunitárias ligadas a escolas, clubes sociais, empresas, assumem muitas responsabilidades. O município disponibiliza os serviços básicos de atendimento na área da saúde. Com emprego e renda garantidos o consumo se mantém ativo e a população está menos preocupada com o que pode vir a acontecer no futuro. Em quem será o prefeito ou o vereador. Esta realidade é diferente da de 20 ou mais anos atrás, quando faltavam vagas de emprego, havia instabilidade econômica (antes da implantação do real), e muitos serviços básicos na área social, saúde, educação estavam por ser implantados.
Questões mais complexas que dizem respeito à vida da população e que precisam ser permanentemente revistas, debatidas e requerem investimentos permanentes como infraesturura, segurança, educação, qualidade do emprego, mobilidade urbana, urbanização, meio ambiente, saneamento básico, turismo, qualificação da mão de obra, tecnologia, gestão e fiscalização mais eficiente dos recursos, despertam menos interesse, até porque os próprios políticos, não estimulam este debate. Porque não é conveniente e porque nem sempre estão preparados. A grande maioria da população está usufruindo o que o tempo presente permite e os políticos estão se especializando em estratégias para manter os cargos. Deste modo, o perfil destes agentes públicos e políticos conflita e não está satisfatoriamente de acordo com as necessidades da gestão das cidades, que requerem homens e mulheres muito preparados.
Outro fator que influencia a falta de interesse ou participação mais consciente do processo eleitoral é que uma significativa parcela dos eleitores não tem vínculos históricos e culturais com o município. Vindo de outros estados ou cidades do RS, estes eleitores estão envolvidos com a construção das próprias estruturas familiares.
Ainda outra causa que justifica a falta de interesse pela política são os escândalos, irregularidades que envolvem políticos a exemplo do mensalão que agora está em julgamento.
Greves
Especialmente nos grandes centros, aumenta o número de servidores públicos em greve. Com privilégios históricos algumas categorias resistem a abrir mão de altos salários. Mas pelo que se tem visto, a presidente Dilma não está disposta a ceder e tem dito que “ este é um país que tem que ser feito para a maioria dos habitantes e não apenas para alguns.”
Consumo e investimento
Estamos crescendo mais pelo consumo ou pelo investimento. Esta é a análise que está em jogo e interessa para a política social e econômica.
Bancos
Com duas agências bancárias do Sicredi (Arroio do Meio) ligadas a sindicato que rege sistema cooperativo, a paralisação dos bancários foi apenas parcial e não chegou a afetar a rotina na véspera do feriado.