Para Ronaldo Cezar de Almeida, nosso eterno guri, nascido e criado aqui em Tamanduá, junto a esta gurizada sadia e cheia de vida. Vida? Bah, cara, difícil falar de vida para você Ronaldinho. Te acidentaste no lugar errado e na hora errada.
Faltavam somente cinco metros para que acessasses com tua moto a BR-386 e aí estarias salvo, entre nós agora. Como alegou a concessionária, estavas “fora da área da concessão”, mesmo que a área de domínio da rodovia seja de 50 metros, medindo desde o meio-fio da rodovia. Em função disso, o socorro da Sulvias demorou, até chegou um tempão depois, alegam que vieram por compaixão e não por obrigação. Que azar carinha! A ambulância de Marques de Souza chegou enquanto ainda estavas vivo, mas não tem equipamentos para socorros de acidentes graves e não pôde te levar. A Brigada Militar também estava ali, até chamaram reforço, ainda não sei o motivo. Que falta de sorte Ronaldo você morar aqui!. Veja só, o Samu alega que levou 20 minutos para chegar porque Tamanduá está em área de “difícil acesso”. Tu tinhas é que morar na cidade grande!
Olha Ronaldo, fico aqui raciocinando e procurando explicações para o inexplicável. Estamos a dois quilômetros do pedágio mais caro do Estado, aquele que cobra em dobro, mas não temos ambulância no local. A ambulância que te atendeu veio de Lajeado. Ah, já ia esquecendo, o guincho da concessionária chegou em 15 minutos após o acidente (mas espera aí, como o guincho veio se o acidente foi “fora da área de concessão?”) E mil perguntas começam a rondar minha cabeça: E a falta de iniciativa da Brigada Militar? E o dinheiro arrecadado no pedágio que fica no município é aplicado onde? Não dá para equipar uma ambulância?
Realmente Ronaldinho, não era teu dia de sorte. Quantas coisas erradas, cara, justo no final do dia em que cumpriste teu papel de cidadão, votando em candidatos que prometem investimentos em segurança e saúde. Se alguém acha que exagerei nestes comentários, viva a experiência da Dona Salete em ver seu filho morrendo aos poucos, dentro de uma valeta durante 50 minutos à espera de um socorro que não chegava, em função da incompetência e omissão de quem recebe seus salários, frutos de impostos pagos por nós. Quando teu coração parou de bater, Ronaldinho, nos sentimos impotentes e envergonhados deste mundo que te negou o direito de viver um pouco mais. Fique com Deus. Perdão pela nossa omissão.