Ao conviver intensamente com meu casal de filhos – de 17 e 19 anos – me espantam alguns paradoxos baseados em comportamentos extremos da gurizada desta geração informatizada. A capacidade de realizar múltiplas tarefas simultâneas me deixa boquiaberto. O volume incomensurável de informações apropriadas não tem precedente, sem falar da facilidade no emprego de outras línguas – principalmente o inglês – que estarrece.
Simultaneamente causa perplexidade a imaturidade emocional que presencio em saídas de festas, churrascos e encontros desta galera. A ingestão de álcool me deixa estupefato, principalmente entre as meninas. A naturalidade com que elas detalham os “porres” e as consequências constrangedoras são também chocantes.
Exagerar no consumo de cerveja, vodca ou cachaça, turbinados com bebidas energéticas, constitui um coquetel normal para muitos jovens que ignoram os efeitos a médio e longo prazo que o álcool produz no organismo. Perguntei a uma menina se conhecia os problemas decorrentes do hábito de beber muito. Ela me olhou com desdém e disse:
– Eu paro de beber quando quiser. Gosto, mas não sou viciada. Quando fico bêbada me divirto muito mais, tenho coragem para fazer coisas que, “de cara limpa” não faria e faço mais amigos.
As drogas são ingredientes comuns – e tolerados – na maioria dos círculos sociais. E com adolescentes e jovens não é diferente. Muitos conhecem as opões dentro de casa, ampliam os conhecimentos na escola e entram de cabeça no vício quando a vida social se amplia para festas, baladas, churrascos e idas a shows e casas noturnas.
Álcool e drogas comprometem sensivelmente as habilidades de lidar com a informática, para usar o imenso cabedal de informações e alcançar todo tipo de conteúdo disponível a um toque no teclado. Nós, pais – “jovens há mais tempo” como costumo dizer para evitar o termo “velho” – temos extrema dificuldade de encontrar uma linguagem para chegar aos filhos.
É um exercício permanente de paciência, observação, diálogo e busca de pontos comuns que permitam a construção de uma ponte que evite o aniquilamento precoce de inúmeros talentos jovens. Não é fácil, mas é uma obrigação da qual não podemos abrir mão.

