A oferta de emprego está aquecida, mas milhares de vagas permanecem à espera de candidatos capazes de exercer as mais diversas funções. Nas ruas se vislumbra paradas de ônibus quebradas, fachada de prédios e placas de todo tipo vandalizadas, através de pichações, destruição. No trânsito a agressividade chama a atenção de motoristas, motociclistas e pedestres numa espiral crescente de violência refletida nas estatísticas fatais a cada final de semana.
São alguns reflexos visíveis de um alarmante conjunto de consequências do descaso com a educação. Trata-se de uma crise que compromete escolas, famílias e os responsáveis pela formação de nossas crianças quê serão condutores no trânsito ou usuários de diversos equipamentos públicos.
Como da economia e da agricultura, na educação o desempenho do Rio Grande do Sul está longe de despertar orgulho nos gaúchos. Comparativos com outros estados provocam constrangimento, especialmente no confronto com desempenhos de décadas passadas, onde fomos exemplo, vanguarda e motivo de inveja.
O consumismo, a exposição exacerbada de todo tipo – principalmente através das “redes sociais” – e o abandono de valores que fundavam os núcleos sociais de outrora tiveram reflexos nocivos na formação humana. Escolas vandalizadas, professores mal pagos e desrespeitados, ausência de comprometimento dos pais e desleixo na formação de profissionais de ensino reduziram nossa educação a um infindável choro e ranger de dentes.
Além da insatisfação geral este caldo de cultura gera pequenos vândalos, marginais amadores e adultos descomprometidos com a coletividade onde estão inseridos. A crítica constitui a única reação que denota alguma indignação, mas que se mostra incapaz de levar à ação concreta. Reclamar sem consequência tornou-se um esporte nacional em que falar mal dos governantes não é suficiente para levar ao engajamento para a busca de soluções efetivas.
A falta de comprometimento agrava este estado de coisas, além de ser um péssimo exemplo para os filhos. Reivindicar de forma educada e ordeira, debater soluções viáveis e insistir até a busca de uma solução efetiva é cansativo e nem sempre garantia de um final feliz. Mas sem tentar, jamais teremos a menor perspectiva de resolver os principais problemas que afligem a sociedade.
Comodismo, indignação inconsequente, exemplo duvidoso para os filhos e inadimplência de cidadania parecem males de forte contágio. A epidemia corrói as relações numa espiral sem final visível. A educação agoniza com reflexos irreversíveis em diversos segmentos. Enquanto isso perdurar não haverá emprego, segurança e saúde suficientes para atender a sociedade.

