A coluna desta semana expressa também à opinião da família. Num momento em que os jovens se manifestam indo às ruas, nunca se debateu tanto a realidade de nosso país, creio que devemos parar e escutar o grito de nossa juventude, muitas vezes cobrada por não opinar.
Por isso, cedo o espaço para nossa filha Lívia Kayser de Assunção, que é acadêmica do curso de Relações Públicas – Unisc e estagiária da A4- Agência Experimental de Comunicação.
Chuteiras para todos
Dedicado a um Brasil que é obrigado a viver uma ilusão
Um país de chuteiras. Desde o primeiro momento em que ouvi essa expressão num comercial de televisão fiquei incomodada. Nas últimas semanas temos ouvido falar muito, mais do que já estávamos acostumados, sobre a Copa do Mundo, que acontecerá em 11 estados do Brasil, em 2014. Tudo está girando em torno do maior evento esportivo do mundo. Olhe bem, tudo. Se contabilizarmos a quantidade de comerciais de televisão, spots de rádio, matérias de jornais e anúncios, produtos licenciados, produtos copiados e afins, teremos assustadores bilhões de reais sendo gastos em publicidade.
Em qualquer lugar que estivermos a Copa do Mundo se apresenta aos nossos olhos. Enquanto isso, manifestantes saem às ruas lutando por direitos que são intrinsecamente nossos. As manifestações estão dando o verdadeiro show que o Brasil estava precisando.
No momento em que profissionais da comunicação estão criando novas campanhas que exaltem a Copa do Mundo, a população grita por tudo, por qualquer coisa que lhe seja de direito e que lhe é negada. A Copa do Mundo e as manifestações são opostas.
Enquanto uma pinta uma realidade a outra escancara o dia a dia do povo. Enquanto uma dispõe de bilhões de reais para investimentos, a outra não tem dinheiro para o almoço. Enquanto uma ilustra um Brasil de chuteiras, a outra caminha de pés descalços.