Se a gente faz uma relação entre informações veiculadas em um meio de comunicação, no início da semana, pela direção
da Cosuel e as manifestações do vereador Carlos Hollmann, na sessão da câmara, na quarta-feira, podemos considerar
que estamos muito próximos de perdermos o projeto de condomínio de produção de leite que a cooperativa e um grupo de produtores, cooperados, gostariam de ver concretizado em Arroio do Meio.
Em outras oportunidades e por meio desta coluna já fiz referências ao projeto inovador e inédito do condomínio, proposto pela Cosuel, com todas as credenciais para alcançar os resultados estimados.
Considero muito oportuna a abordagem feita pelo vereador Hollmann, preocupado com o silêncio do governo municipal sobre o assunto, enquanto outras três cidades se habilitaram, assegurando a instalação de projetos em suas localidades, restando apenas uma vaga que estaria sendo disputada por vários municípios da área de atuação ou de abrangência da cooperativa.
Na análise do vereador, que coincide com o entendimento e as concepções que a gente tem e que muitos produtores de
leite confirmam, a atividade de produção de leite tem uma importância destacada na nossa agricultura familiar, contribuindo com a manutenção econômica de centenas de pequenas propriedades rurais.
E não basta nós, neste momento, comemorarmos uma boa condição da cadeia do leite se continuarmos no modelo atual,
que não nos dá garantias e nem perspectivas de longevidade ou de sucessão familiar nas unidades produtivas. A ideia que impulsionou a produção de leite na Galícia (Espanha) e que serve de modelo para quem pensa em produzir leite
de qualidade e que várias comitivas desta região foram ver de perto, poderia oferecer os subsídios que aqui nos faltam em termos de produtividade, de melhoria genética, de profissionalismo e de organização do setor.
A cooperação e o espírito associativo que o projeto do condomínio procuraria colocar em prática, poderiam ser de grande valia na difusão de propósitos comuns, na união e na concentração de esforços. Compartilhar tarefas, padronizar as práticas de trato e manejo dos animais, com assistência técnica permanente, com certeza permitiriam uma acentuada diminuição no custo de produção e, consequentemente, assegurariam um maior ganho para os integrados.
Filantropia da EMATER
Segue imprevisível o desfecho da pendenga judicial que discute e debate a condição de filantropia da EMATER/RS. Face às últimas decisões da Justiça, de derrubada de liminar favorável e da extinção de ação popular em favor da instituição, serão necessárias estratégias de impacto para evitar um abalo negativo, de proporções, para 250 mil famílias de pequenos agricultores, assistidos, anualmente, pelo órgão.
Observando o fato de a EMATER ter um patrimônio de R$ 30 milhões e uma dívida acumulada de mais ou menos R$ 2 bilhões, referentes às contribuições previdenciárias não recolhidas, em razão da debatida filantropia, não é difícil prever ou estimar a conclusão do caso, na hipótese de não ocorrer uma reversão da realidade atual. Com um orçamento anual de
R$ 240 milhões não conseguiria fazer caixa para amortizar a alegada dívida. Esse final seria de proporções trágicas na agricultura familiar, considerando a importância e a abrangência do trabalho de assistência que a instituição vem prestando há tantos e tantos anos.