Na produção agropecuária, em especial na agricultura familiar, onde o “poder de barganha” ou a capacidade de negociação dos preços de seus produtos é muito reduzida, as possibilidades de sobras ou lucros fica condicionada aos custos de produção. Na medida em que esses são diminuídos, os resultados tendem a ser mais expressivos em favor do agricultor, que, repito, é o único que produz “bens”, no caso alimentos, sem poder estabelecer ou definir os seus preços. Pois os insumos lhe são fornecidos, com preços tabelados e nas vendas já há uma prática em que a remuneração fica a critério de “outros”.
Abordo esta questão para provocar uma reflexão sobre o que se verifica neste quase final de mais um ano. Pois bem, dentro dos componentes que têm influência na formação do custo de produção, diria de todas as cadeias produtivas, está o combustível, mais precisamente o óleo diesel, intensa e vastamente utilizado, na movimentação de toda a engrenagem da agropecuária, computando-se as máquinas, implementos e equipamentos.
Como, aliás, pouco resolve a gente indignar-se com os sucessivos aumentos desse insumo, o fato passa, para a maioria, despercebido. Mas, lembrando, o diesel teve neste ano de 2013, três aumentos, ficando a sua elevação acumulada, em torno de 20%, talvez um pouco abaixo deste percentual. Curiosamente, temos os índices que medem a inflação “oficial”, sinalizando com um acumulado de 5,60% nos últimos 12 meses, como é o caso do IGP-M. Este indexador é utilizado em todas as circunstâncias em que o governo federal pode tirar proveito, porém, com certeza, vindo em prejuízo de quase todos.
Há, portanto, um desencontro nos anúncios oficiais, principalmente em relação à medição da inflação. Poucos admitem ou concordam com os números divulgados sobre os indexadores da inflação. Eles são “camuflados”, fato que se percebe quando se vai em busca de produtos, gêneros alimentícios, outros bens de consumo ou de serviços de qualquer natureza.
Retomando o caso do aumento do diesel, ele vai resultar em uma cadeia geral de ajustes de preços, como no transporte de cargas, transporte coletivo urbano, logo mais reflete também nos custos da energia, insumos agrícolas, fertilizantes e outros. Concluindo repriso o ponto de vista de que aumentando o custo de produção no setor primário, diminui ainda mais a margem de ganhos ou de sobras nas atividades.
Investimentos
A confirmação da concretização do Projeto do Condomínio de Leite, em Arroio do Meio, desenvolvido em forma de parceria entre o Poder Público, a Dália Alimentos e um grupo de produtores, é uma notícia boa neste encerramento do ano. Existe a maior expectativa em relação ao fato que é de um conteúdo econômico e social muito abrangente. Torcemos pelo seu pleno êxito e pelo que poderá representar como inovação tecnológica e produção associativa e coletiva.
Menos otimista ficou a situação do empreendimento rural, dos produtos Vandréia (hidroponia), instalada no Passo do Corvo, São Caetano. As manifestações via imprensa, revelam um relacionamento de conflitos. Se o impasse prosseguir e a empresa sair, a parte que terá maiores perdas é o município, visto que há outras localidades que querem atraí-la e oferecer-lhe condições para a sua transferência.