Arroio do Meio – A mesa da sala de estar da casa explica o sucesso de João Victor Schroeder Kuhn em cinco vestibulares. Com diversos livros de Alemão e caderno e caneta a postos, aos 17 anos, o aluno do último ano do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), de Lajeado, conquistou uma vaga nos cursos de Medicina da Univates e da UFCSPA, em Letras na UFRGS e em Direito na Unisc e na PUC-RS.
A tarefa, entretanto, não foi fácil. No início do ano, separava algumas horas por dia para estudar para os trabalhos e provas de escola e também para os vestibulares. A partir do segundo semestre, a iniciativa se intensificou. “O mais importante para mim foi estudar as provas dos vestibulares. Consegui saber como que elas funcionavam e isso me facilitou bastante.”
A primeira experiência foi no primeiro semestre de 2013. Fez um teste para o vestibular de inverno da PUC-RS, em Porto Alegre. Passou em Direito na primeira colocação. O feito se repetiu no vestibular de verão. Com o resultado, o rapaz conquistou uma bolsa de estudos. “Quero tentar conciliar com o curso de Letras Português-Grego que passei na UFRGS, mas, se não conseguir, continuarei no Direito.”
Medicina é uma das profissões mais procuradas. Diversos universitários tiveram de fazer mais de um ano de cursinho para conquistar uma vaga. Para Kuhn, bastou um ano. “Fiz Medicina na Fundação (UFCSPA) só para um teste.” Ele também foi selecionado pela Univates em segundo lugar para o curso que abriu no campus de Lajeado, mas deixará a oportunidade para outro. “O pessoal do cursinho pediu para quem fez o Enem se inscrever no vestibular da Univates”, ressalta.
Um dos principais motivos para não fazer Medicina está no período de estudos. Considera os oito anos muito longos, enquanto que Direito são cinco. As oportunidades de trabalho também são outro atrativo, apesar de reconhecer que as duas profissões, ao lado de Engenharia, têm vários campos a serem explorados.
O pai, Victor, é todo orgulho. “Nós falamos para ele, que este feito tem que ser comemorado.” Agora, a família se prepara para a nova guinada na vida do jovem. Ele se muda neste fim de semana para Porto Alegre.
Início das aulas
Kuhn entrará na PUC-RS como aluno na segunda-feira, quando começam as aulas. Enquanto isso, se prepara para morar na capital gaúcha. Ficará com a irmã, Manuela, que cursa Jornalismo na mesma instituição.
A mãe dele, Maria Regina, que é professora, já se organizou para fazer visitas periódicas ao caçula.
Medicina na Univates
Os selecionados para as 25 vagas são oriundos de 14 municípios do Rio Grande do Sul, além das cidades de Chapecó (SC), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Lages (SC) e Londrina (PR). O processo seletivo ocorreu por meio da utilização das notas obtidas nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e contou com 1.536 inscritos, oriundos de 430 municípios de todos os estados do país, gerando uma densidade de 61,44 candidatos por vaga. Já o total de inscrições homologadas, referente aos candidatos aptos a participarem da seleção, foi de 1.103, gerando densidade de 44,12 candidatos por vaga.
Conforme o reitor da Univates, Ney José Lazzari, a abertura do curso de Medicina coloca a Instituição em outro patamar, passando a ter abrangência estadual e, aos poucos, também nacional. “Esse processo seletivo traz para a região um contingente de estudantes muito qualificados. O curso proporcionará ainda mais vida diurna ao câmpus, além de modificar a área da saúde na região do Vale do Taquari. A Univates será mais um ator na área da saúde, principalmente na questão das especialidades”, ressalta.
As aulas da primeira turma devem iniciar em abril e as da segunda turma, também composta por 25 alunos, iniciarão em agosto. Mais da metade do corpo docente do primeiro semestre é composto por professores que já lecionam nos nove cursos da área da saúde da Univates. Outros cerca de dez professores estão sendo contratados, sendo a maioria profissionais dos municípios de Lajeado e de Estrela. “Quando o curso estiver em pleno funcionamento, no último ano, a grade de docentes será composta por cerca de 120 professores”, acrescenta o reitor.