Rejane Maria da Silva, ou Mãe Rejane de Ogum, como é conhecida nas terreiras de umbanda, neta e afilhada de Alcides Teobaldo da Silva, o Vô Teobaldo, é uma das integrantes da comunidade quilombola Vovô Teobaldo a perpetuar as práticas umbandistas. Patriarca da comunidade e falecido na década de 80, Vô Teobaldo é filho de escravos, cujos relatos orais dão conta de que a mãe abandonou os filhos na estrada para que vivessem em liberdade.
Em visita ao departamento de Cultura na semana passada, Rejane fez questão de compartilhar as suas previsões para o ano, sob a proteção de Pai Oxalá, Mãe Iansã e Xangô. “Está faltando amor, afeto entre as pessoas”, inicia Rejane, complementando que o ano será marcado por separações, “nos relacionamentos onde o coração já não bate forte pelo companheiro, haverá a ruptura sob a influência de Iansã, a Deusa do Amor”. Já Xangô, estará na balança, pesando os prós e contras, “quem deve, paga”, sentencia Mãe Rejane. Ao ser indagada sobre a Copa do Mundo, Rejane diz que não vai ser nada fácil e que embora torça para o Brasil, ainda não o vê como campeão, mas disputando grandes finais com Camarões, Alemanha e Argentina.
Mãe Rejane de Ogum atenderá a partir de março, nas segundas e quartas-feiras, no Morro São Roque. Seguidora de Mãe Odete e Pai Dudu, de Encantado, ela finaliza dizendo que sua missão é ajudar os outros, pois na umbanda prevalece “fazer o bem, não se repara a quem”.
Integrantes do Núcleo Municipal de Cultura, a Associação Comunitária Vovô Teobaldo, formada na sua maioria por famílias residentes no Morro São Roque foram reconhecidos em 2006 pela Fundação Palmares, como comunidade remanescente quilombola. Dentre as particularidades da cultura afrobrasileira identificadas por antropólogos desta instituição está o sincretismo religioso manifestado através da umbanda.