Há poucos dias tomamos conhecimento da criação do Instituto Gaúcho do Leite (IGL), e, um detalhe que chamava a atenção era a eleição do presidente da Cosuel, Gilberto Piccinini, como sendo o primeiro dirigente desse novo órgão da cadeia do leite.
Já no processo de constituição do Instituto percebeu-se uma dificuldade quanto a um entendimento entre os segmentos que integrariam o mesmo, concentrando-se o debate, sobretudo, na questão de representatividade. Os estatutos do organismo acabaram definindo uma paridade, ou seja, um número igual para os diversos segmentos envolvidos, Sindicato das Indústrias, Cooperativas e Pequenas Indústrias, de modo que o surgimento do que deveria ser um instrumento de promoção e de desenvolvimento de um setor econômico já iniciou meio conturbado.
No começo desta semana, o Sindicato da Indústria de Laticínios e Derivados (Sindilat) anunciou a sua saída do Instituto Gaúcho do Leite, colocando como principal motivo a disparidade no número de votos no Conselho do IGL, onde o Sindicato tem sete membros, as Cooperativas e as pequenas indústrias, ambas também com sete membros cada, quando no processo de industrialização, alegadamente, os percentuais de participação seriam de 70%, 24% e 6%, respectivamente.
Não bastasse a retirada do Sindilat, a entidade está também condicionando a saída de Piccinini da presidência do IGL, certamente considerando a sua condição de dirigente de uma Cooperativa que tem entre as suas atividades, a cadeia do leite, desde a produção, industrialização e comercialização.
A impressão que se tem é de que o Instituto pode ter sido uma ideia interessante mas que na hora de colocar em prática as teorias, o instinto de poder falou mais alto e a disputa de beleza entrou em campo. Não deu tempo nem de experimentar o projeto e o propósito de unir as forças em favor do desenvolvimento dessa atividade econômica está comprometido.
E por falar em cadeia produtiva do leite, a lei da oferta e da procura, faz-se sentir do bolso dos produtores. Pois o preço pago ao produtor pelo litro de leite já bate na casa dos 70 centavos, significando uma redução significativa, nos últimos meses. Talvez com a volta às aulas o consumo aumente, através dos programas de merenda escolar, com a expectativa de os preços reagirem favoravelmente.
POTENCIAL ILIMITADO
Tendo a oportunidade de conhecer uma das mais bonitas regiões do Estado, os “Campos de cima da serra”, especialmente os municípios de Bom Jesus e São José dos Ausentes, e, considerando as suas atividades e vocação de produção de alimentos, podemos afirmar que existem, verdadeiramente, oportunidades sem limites.
Os pomares de produção de maçã, agora em fase de colheita, são indescritíveis quando se observa as técnicas utilizadas e a alta produtividade da cultura. Pudemos ver, ouvir, colher e experimentar as frutas, antes que elas fossem submetidas a longos períodos de câmaras frias.
Igualmente extensas áreas destinadas ao cultivo da batatinha tomam conta de um panorama extraordinário. Essa cultura vai avançando e possivelmente vai modificando, de forma comprometedora, os cenários originais de vastos campos naturais, perdendo-se um pouco das tradições de regiões que têm histórias ricas e que agora, mais do que nunca, investem em atividades turísticas.
Cânions, pousadas, araucárias, rebanhos bovinos, receptividade, são valores e receitas prazerosas e que nos fazem olhar com olhos diferentes o grande bem que a natureza pode nos proporcionar.

