Hoje começa a festa mais brasileira do país. Ao lado do futebol – que coincidentemente nos trará a Copa do Mundo em junho/julho – o Carnaval é feriado sagrado, embora os festejos de Momo (expressão gasta, heim?) tenha perdido parte do glamour.
O Carnaval de rua resiste bravamente em poucas cidades do interior do Rio Grande do Sul. A garra e paixão de alguns dirigentes, o entusiasmo de uma legião e a boa vontade de um reduzido grupo de patrocinadores viabiliza a festança que vai parar o país. Pelo menos até o meio-dia de quarta-feira de inteligente vai acontecer.
Além do noticiário manjado (opa… mais uma palavra que cheira a bolor e mofo!) dos festejos – Rio de Janeiro, São Paulo, Nordeste – que invadirá a programação de tevê, certamente teremos grande movimentação na área policial. Acidentes, homicídios, latrocínios e flagrantes do uso de drogas e de embriaguez ao volante vão ocupar jornalistas e bombardear olhos e ouvidos de ouvintes, leitores, internautas e telespectadores.
As estradas estarão repletas, inclusive de gente que raramente dirige em rodovias. Alguns amigos irão à Serra. Outros já garantiram lugar em praias gaúchas ou catarinenses ou quem sabe uma esticada ao Nordeste. A Fronteira Oeste – leia-se os free shops de Rio Branco/Jagurão, Chuy/Chuí e de Rivera/Santana do Livramento, entre outros, também acusarão lotação quase plena em decorrência de tantos dias de folga geral. A exceção que confirma a regra ficará por conta de uma notinha, num canto de página, que tratará dos retiros espirituais/religiosos comuns nesta época do ano.
Quem ficar em casa no Carnaval terá ruas vazias, livres dos malucos de diariamente
Uma pequena legião permanecerá em casa. Estarei neste pequeno contingente de curtidores da cidade grande que vai parecer abandonada, silencioso e quase irreconhecível. Não haverá filas nos supermercados. Será possível chegar em cima da hora no cinema e até escolher o filme preferido. Nas ruas, as loucuras de verão darão lugar a extensos espaços vazios, livres das peripécias dos motoboys, da covardia de alguns motoristas de ônibus e da má educação da maioria dos condutores dos veículos de passeio.
Na quinta-feira, no entanto, o final do veraneio e o retorno “à vida normal”, transformarão a cidade num bando de malucos estressados. Serão pautados pelo relógio, pelos compromissos, pela necessidade de cumprir atividades previamente agendadas e pela pressa. A sexta-feira será recheada de expectativas para o final do expediente que levará ao esperado sábado e o seguido domingo.
Na segunda-feira acordaremos sob a interrogação de sempre: será que finalmente o ano vai começar de verdade?