Matéria em rede nacional no domingo mostrou a barbaridade cometida contra municípios brasileiros assolados por enchentes há quatro anos. Milhões de reais jamais chegaram ao destino. E o pouco dinheiro aplicado foi mal utilizado. Nós, contribuintes que pagamos impostos em dia, estamos cansados de notícias envolvendo desvio de nossos recursos.
Por isso, não desisto de pregar a necessidade de votar com consciência nas eleições que batem à porta. Pesquisar, buscar informações e escolher um nome. Mas a nossa tarefa não termina aí. Depois do pleito se deve fiscalizar aqueles que irão nos representar. E isso pode ser feito através do site do deputado e senador, além do Governador e do Presidente da República.
Em plena era das redes sociais a comunicação é facilitada. Basta vontade, paciência e espírito democrático para saber que nós elegemos, mas precisamos manter a vigilância. Infelizmente a maioria dos eleitores sequer recorda dos candidatos escolhidos. Esta falta de interesse criou uma casta lamentável de pessoas que contaminou tudo que diga respeito à política.
Repito à exaustão que foi através da política que conseguimos nos livrar de 21 anos de sombras, censura, tortura e falta de liberdade para as mínimas coisas. A mobilização nacional, que reuniu lideranças políticas das mais variadas matizes, despertou o país, emprestou ânimo e coragem para ir às ruas e bradar por diretas já. Depois de tantos anos de liberdade plena é preciso resgatar a trajetória da democracia no país para ter em mente, sempre, que a democracia é um valor precioso que exige trabalho diário.
Criticar sistematicamente a política e os políticos constitui alimento rico para a volta da ditadura
A demonização da política traz, em seu bojo, o risco inevitável de achar que tudo era melhor na época da ditadura. “A pior democracia é sempre melhor que a melhor das ditaduras”, reza o ditado coberto de razão. Falar mal da política e dos políticos, sempre, em todos os momentos e ambientes, é alimento rico para os simpatizantes do fim das liberdades.
A crítica é indispensável, mas o reconhecimento das boas iniciativas é um dever de todos. A necessidade de reforma do sistema eleitoral e político é uma imposição para manter a saúde da democracia. As falhas atuais, no entanto, não devem ser motivo para execrar a atividade política. Isso facilita o aparecimento de profetas que adoram se arrogar poderes especiais de salvadores da pátria.
Os roubos perpetrados com dinheiro público mostrados domingo na tevê são lamentáveis. Tão lamentáveis quanto o descaso na escolha de representantes que devem ser fiscalizados, punidos em caso de erro, mas lembrados nos momentos de acerto e eficiência. Pode parecer provocação, mas há gente honesta, criteriosa e confiável ocupando cargos públicos. Basta não generalizar.
Nas próximas duas semanas, por compromissos profissionais, estarei ausente deste espaço. Abraço, até a volta!

