O governador Tarso Genro (PT) cumpriu agenda pela região na tarde de sexta-feira, 29 de agosto. O candidato à reeleição pela coligação “Unidade Popular pelo Rio Grande” (PT, PTC, PCdoB, PROS, PPL, PTB e PR), visitou a unidade da BRF, a Univates, onde gravou programa de campanha, fez uma caminhada com correligionários pela rua Júlio de Castilhos, além de se reunir com líderes municipais no comitê eleitoral.
Em entrevista coletiva, Tarso destacou a reestruturação da dívida do Estado com a União, “está garantido um abate de R$ 15 bilhões no passivo, o que abre a perspectiva de refinanciamentos para o Estado continuar andando”, argumenta. Também apresentou dados do Programa de Microcrédito, programas sociais “Mais Água, Mais Renda” e “RS Mais Igual”, Plano Safra, investimentos no sistema viário, saúde e educação, e propôs uma comparação entre os dois governos que o antecederam: “fizemos o dobro. Nosso programa é a reafirmação do que o governo está fazendo”, afirma.
Ressaltou a implantação da Secretaria Estadual do Gabinete dos Prefeitos e Assuntos Federativos para aproximar o Estado dos municípios, e destacou o modelo promissor de gestão viabilizado por meio da criação da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) em comparação com o da iniciativa privada, que foi extinto em seu governo. “Além de fazer obras que as concessionárias não faziam, a EGR não gasta sem a avaliação dos Corepes”, avalia.
Na região, destacou a criação do Parque Científico Tecnológico da Univates, a estatização do Porto de Estrela e a ligação asfáltica a nove municípios, com 70% das obras concluídas. “Não consegui estar presente no anúncio do asfaltamento da estrada que liga Arroio do Meio a Capitão.” Declarou que a única forma de enfrentar os reflexos da crise na economia mundial é fortalecer o Estado, para que ele seja o indutor dos investimentos.
Por fim, fez uma avaliação dos resultados das últimas pesquisas eleitorais que o colocam na segunda posição. “Estamos na margem de erro, empate técnico. Sem falar que quem é governo sofre mais cobranças. Durante os três anos e meio de governo, a TV não mostrou os avanços. Só agora, durante a propaganda
eleitoral gratuita, teremos a oportunidade de mostrar o que fizemos à população […] os institutos de pesquisa Data Folha e Methodus trabalham para a oposição. O que surpreende 33% de avaliação boa ou ótima e 52% de aprovação.”
Após a visita, o governador seguiu para Taquari, onde realizou comício no CTG Pelego Branco.
Confira a seguir entrevista exclusiva do governador Tarso Genro ao jornal O Alto Taquari.
AT – Quem é Tarso Genro? Principais dados pessoais, familiares e cargos públicos ocupados.
Tarso Genro – Sou natural de São Borja, me criei em Santa Maria, tenho 67 anos, sou advogado trabalhista. Sou casado com a Sandra e pai da Vanessa e da Luciana. Tenho dois netos: Fernando e Rodrigo. Fui vereador em Santa Maria, prefeito de Porto Alegre, deputado federal, ministro do Governo Lula em três pastas diferentes (Relações Institucionais, Educação e Justiça) e atualmente, sou governador do Rio Grande do Sul.
AT – Quais são as principais propostas para saúde, segurança e infraestrutura?
Tarso Genro – São três áreas fundamentais. Na saúde, atingimos pela primeira vez o índice histórico de 12% de recursos para a área. Vamos continuar investindo neste importante setor, refinanciando hospitais, construindo UPAs, atuando em sintonia com o Governo Federal e buscando parcerias para a implantação dos hospitais regionais. Avançamos muito, mas ainda precisamos melhorar.
Na segurança pública, reequipamos a Polícia Civil e a Brigada Militar. Criamos as Delegacias Especializadas, que são responsáveis pela elevação no índice de resolução dos casos de homicídios de cerca de 20% para mais de 70% nos últimos três anos e meio. Assinamos o Pacto Nacional pelo Enfrentamento
à Violência Contra a Mulher, implantamos as Patrulhas Maria da Penha e o Policiamento Comunitário, ambos com excelentes resultados. Continuaremos valorizando nossos servidores, fazendo concursos públicos e reestruturando nossas forças de segurança. Investimos em modernização do aparato de segurança pública.
O Centro Integrado de Comando e Controle, em Porto Alegre, é um exemplo: mais de mil câmeras monitoram a cidade. Continuaremos investindo em infraestrutura, realizando o nosso Plano de Obras e construindo os acessos municipais que faltam – terminaremos o atual mandato tendo feito mais do que o dobro do governo anterior. Para o próximo período, o novo financiamento de US$ 1 bilhão que vamos buscar será destinado principalmente para infraestrutura.
AT – A dívida do RS com a União está na ordem de R$ 47 bilhões. É sabido que esta dívida que se arrasta reduz a capacidade de investimento do RS na atual gestão. O que o seu governo fez para diminuir o problema e que compromisso assume diante da crise, caso reeleito?
Tarso Genro – Pela primeira vez na história, o estado do Rio Grande do Sul vai abater R$ 15 bilhões de sua dívida com a União. A partir da aprovação do projeto que muda o indexador da dívida, já garantido pela presidente Dilma para novembro, abriremos um novo espaço fiscal. Depois dessa fase, precisamos passar por um momento de transição até 2028 e buscar reduzir a parcela paga pelo Estado.
AT – Como o senhor pretende atrair novos investimentos para o RS?
Tarso Genro – Quando chegamos ao governo, o Rio Grande do Sul era um estado paroquial, fechado em pequenas rusgas internas, de costas para o Governo Federal e para o mundo. Mudamos esse panorama imediatamente, estabelecendo uma relação direta com o governo da presidente Dilma e apresentando as potencialidades do nosso Estado para o mundo. Fizemos 60 missões internacionais nesses três anos e meio de governo que foram fundamentais para atrair investimentos externos no Rio Grande do Sul. Oferecemos incentivos para as empresas de fora em troca de um comprometimento de compras da economia local. Para citar um exemplo, a Celulose Riograndense, investimento de R$ 5 bilhões em Guaíba e que gerou mais de 7 mil empregos diretos, se comprometeu a comprar pelo menos R$ 1 bilhão da nossa base produtiva. Até o momento, a empresa já comprou R$ 1,5 bilhão. Esse tipo de investimento agrega valor à economia local. Continuaremos integrando o Rio Grande do Sul com o Brasil e o mundo e oferecendo suporte às empresas que queiram se instalar no Estado através de dispositivos do nosso Governo, como a Sala do Investidor e o Fundopem.
AT – Caso reeleito, o senhor pretende promover mudanças no quadro de servidores públicos, fazendo enxugamento e atualização?
Tarso Genro – Continuaremos aumentando o efetivo da Brigada Militar, da Polícia Civil e contratando professores para suprir a demanda. Temos concursos em andamento que agregarão novos funcionários aos quadros do governo em várias áreas, desde a Susepe, passando pela Fundação Cultural Piratini, até a Brigada Militar. São contratações necessárias para, por exemplo, equipar com recursos humanos as novas casas prisionais que estamos concluindo para desocupar o Presídio Central de Porto Alegre.
Já o quadro de funcionários da atual estrutura administrativa do Executivo estadual está de acordo com as necessidades de execução dos nossas ações de governo. Hoje, o número de cargos comissionados é similar ao do governo que nos antecedeu. Em maio, as administrações direta e indireta do Governo Estadual contavam com cerca de 2.600 CCs. Eles representam menos de 1% da folha de pagamento. Assim, anunciar corte de CCs como medida eficaz contra a situação financeira do Estado é um factoide típico de quem não tem conhecimento sobre o funcionamento da máquina pública.
AT – Como o seu governo pretende investir e valorizar mais a educação, em termos de infraestrutura física (que critérios serão utilizados) e valorização dos professores? Em termos locais e regionais temos ouvido muitas queixas dos professores que reclamam da falta de infraestrutura física, mas principalmente porque se sentem sobrecarregados em relação ao período em sala de aula, necessidade permanente de atualização sem remuneração justa.
Tarso Genro – Em três anos e meio de governo, fizemos mais de 1,5 mil obras de recuperação da estrutura física das escolas da rede pública estadual. Quando chegamos ao Piratini, nos deparamos com pedidos de obras emergenciais em escolas que estavam parados na mesa do secretário de Educação há cinco anos. Tivemos que correr atrás do prejuízo e ainda temos muito o que fazer. Acabamos imediatamente com as escolas de lata e priorizamos as reformas mais urgentes. Continuaremos investindo na recuperação da estrutura das nossas escolas e na atualização permanente do nosso quadro de professores. O nosso governo concedeu o maior reajuste da história do magistério gaúcho: 76,4% de aumento, sendo 50% de aumento real – descontando a inflação. Nossa estratégia de aumentos escalonados visa recuperar os salários dos profissionais da educação, que estavam arrochados por uma política de controle de gastos que não fez bem ao nosso Estado. Hoje, nenhum professor gaúcho recebe menos que o piso nacional do magistério. Atualmente, há um debate nacional sobre o índice de reajuste do piso que nós estamos acompanhando para, a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal, buscar alternativas junto com os professores. Hoje, a ampla maioria do magistério entende o método que estamos aplicando e coincide com o nosso desejo de não mexer no quadro.