Arroio do Meio – Na sexta-feira, 10 de outubro, a Cooperativa de Transportes do Vale do Taquari (Vale Log), sediou o 5° Seminário de Transporte Cooperativo do Rio Grande do Sul e 1º Seminário Nacional de Transporte Cooperativo. O evento foi realizado pela Central Nacional das Cooperativas de Transportes de Carga e Passageiros Ltda/Rede Transporte que tem apoio do Sescoop, OCB e Sescoop/RS, e reuniu representantes de nove estados da federação (DF, PR, SC, RJ, ES, MT, PB, RO e RS).
Na cerimônia de abertura, realizada no auditório do Colégio Bom Jesus São Miguel, o presidente da Rede, Abel Moreira Paré, observou os desafios do setor na competitividade, posicionamento estratégico e ações. Marco Antônio F. Bueno CTTI/Rede, destacou o poder de inclusão de autônomos e a geração de riqueza coletiva, porém, defendendo a autonomia na gestão das cooperativas em relação ao poder público, tendo em vista as dificuldades de gerenciamento em comparação com a iniciativa privada, “durante a campanha eleitoral, ninguém tocou no assunto infraestrutura logística, que deveria ser um tema fundamental, como é tratado na Europa”. Segundo ele, a exemplo da agricultura, as cooperativas de transporte podem se transformar em grandes redes de negócio.
O presidente da Vale Log e Diretor Operacional da Rede, Adelar Steffler afirmou que o principal objetivo é ampliar a atuação em rede como estratégia de negócios em prol da melhoria da competitividade e também dar continuidade nas ações de padronização das práticas de gestão operacionais, “hoje Arroio do Meio está ligado a três partes do país”, atribuiu.
Liderança e foco
A primeira palestra do evento foi do renomado professor, escritor, jornalista, publicitário e executivo José Luiz Tejon Megido. Conforme ele, se as deficiências em infraestrutura logística não estão sendo abordadas pelos candidatos, é porque há um grave defeito de comunicação na organização pública, que não acompanha a velocidade das decisões políticas.
Para Tejon toda a estratégia nasce de um valor, que no cooperativismo é a libertação empreendedora, uma missão vital e fundamental na orquestração do novo cenário econômico mundial, “quatro pessoas nascem a cada segundo. A população planetária será de 9 bilhões em 30 anos. Mais de U$ 90 trilhões serão investidos em infraestrutura logística nos próximos anos. Estamos diante de grandes oportunidades”, dimensionou.
O palestrante procurou evidenciar a importância da liderança nas organizações e citou os nomes que estão por traz de grandes negócios. Conforme ele, a inspiração desenvolve e influencia 66% das pessoas, e 70% dos diretores executivos das principais empresas do mundo são criados na própria casa. Entretanto, segundo pesquisas, somente 11 % do quadro de funcionários está engajado com suas funções e 70% não serve para o futuro.
“A capacidade de persistir perante adversidades é um fator tão importante quanto o talento inato na busca do sucesso […] o trabalho do líder é uma atividade moral. Executa a mediação entre os valores da instituição e os das pessoas em particular, entre uma sociedade e as pessoas que as compõe. Ele precisa sair da zona de conforto e não pode ter dúvidas. Os valores centrais são: a simplicidade, clareza de posicionamento, sustentabilidade, respeito à diversidade, respeito à vida e comprometimento, liderando pelo exemplo”, ressaltou.
Segundo Tejon, o grande pecado do cooperativismo é cair no assistencialismo. É preciso educar em rede, pois não se pode descartar colaboradores como na iniciativa privada, por isso sugere sistemas de expurgo para os casos mais extremos.
Os líderes criam cooperados engajados: 11% são altamente engajados; 19% engajados aderentes; 50% turistas que passam um tempo da empresa; e 20% terroristas que detonam a empresa e os colegas. “A maior razão para qual perdemos as pessoas é a indiferença. Os resultados obtidos na vida dos indivíduos têm origem na fonte do seu foco de atenção”, desmistifica.
Conforme levantamento de valores os indivíduos são diferentes entre si: uns priorizam criatividade, desafio, aprendizagem, competência, dinheiro e liberdade. Outros o dinheiro, reconhecimento, poder, liberdade, estética e conhecimento. E outros o conhecimento, dignidade, cooperação, segurança, criatividade e aprendizagem. Entretanto numa organização onde deve prevalecer: a fidelidade, honestidade, solidariedade e promover o interesse comum ao bem de todos. E não são admitidas: mentiras, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo e interesse pessoal.
Devem ser superadas: a falta de CONFIANÇA; o medo de CONFLITOS; a falta de COMPROMETIMENTO; a esquiva de CONTABILIDADE; e a inatenção com RESULTADOS. Para isso ocorrer, os membros da organização precisam estar com saúde, engajados e inspirados. Deve haver confiança, respeito mútuo e segurança. Só a assim a tarefa “custos, quantidade, tempo, qualidade, e resultados” terá êxitos. Por isso num primeiro momento o líder precisa ser um indivíduo altamente capacitado. Evoluir para um membro colaborador da equipe, um gerente competente, se transformando num líder eficaz a ponto que sua liderança seja exercida de forma invisível.
Questionado a respeito da inserção da geração Y no mercado de trabalho, revelou que a falta do exercício de liderança vai diminuir a carreira destes profissionais, que terão grande chance de insucesso em outras companhias, pela falta de interesse nos valores da empresa, “o homem vale o que aprende. Casos de exceção existem, mas como apresentado anteriormente não são regra”, concluiu.
Após a palestra o presidente nacional da Rede, Abel Moreira Paré, apresentou o Modelo de Negócio e de Governança da Central Nacional, expondo as ferramentas de intercooperação, elaboradas por dois subgrupos de trabalho, iniciadas no fórum de 2013.
Destaque para a apresentação da plataforma virtual de Compras da Central Nacional das Cooperativas e Transporte de Cargas e Passageiros, em que a Tecnologia irá viabilizar o processo de compras das Cooperativas de Transporte de todo país, diretamente na web, permitindo acesso a portfólio de produtos e serviços que a REDE TRANSPORTE oferece através de convênios e registro de preços com fornecedores. Dentre os produtos disponibilizados pela Central, estão: seguros, combustível, pneus, peças, equipamentos e veículos pesados como caminhões e ônibus.
Dados do palestrante
Aos 3 anos, Tejon teve seu rosto todo queimado num acidente doméstico. Até os 15, foi submetido a inúmeras cirurgias plásticas. Ele queria ser igual a todo mundo. Mas foi obrigado a aceitar a diferença.
Dedicado ao trabalho, tornou-se referência em seu ofício – foi diretor do Grupo Estadão de São Paulo por 18 anos e da OESP Mídia. Também ocupou importante cargo no Grupo Agroceres e na Jacto.
Hoje é Dr. em Ciências da Educação. Mestre em Arte e Cultura pela Universidade Mackenzie. Coordenador do Núcleo de Estudos de Agronegócio da ESPM de São Paulo e atua também na Coordenação acadêmica para FGV INCOMPANY. Professor convidado de diversas universidades brasileiras e do exterior. Especializou-se em Agribusiness pela Harvard Business School, de Boston (USA). Em Marketing pela Pace University de Nova Iorque (USA). Em “New Mídia” pelo MIT, Boston (USA) e Liderança pela INSEAD, Fontainebleau (França).
Tamanha experiência inspirou palestras que já chegaram a diversos países. Tejon também publicou 32 livros. Entre outros atributos, é considerado top 100 do Agronegócio Revista ISTO É – Dinheiro Rural.