De alguns anos para cá se intensificaram os alertas quanto aos riscos que o mundo corre diante da possibilidade de em algum tempo vir a faltar água potável para o consumo humano.
O Brasil, com exceção das regiões Norte e Nordeste, que historicamente registram escassez de chuvas e consequentemente convivem com secas quase permanentes, não tem-se preocupado com esse tipo de ameaças, não dando muita atenção aos maus tratos dispensados à natureza, menosprezando regras e legislação ambiental, permitindo a poluição de rios e fontes de água pelos mais diferentes métodos.
Estamos agora passando por uma situação que está a causar pânico, desafiando autoridades dos governos federal e de vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, regiões em que as reservas de água doce estão em limites muito baixos. Qualquer desperdício de água é tido como sendo irresponsabilidade.
Os reflexos dessa situação caótica são muito amplos e as atividades do setor da agropecuária constatam prejuízos expressivos e catastróficos, com perdas enormes nas lavouras de grãos, mas também em outras cadeias de produção de alimentos, hortigranjeiros e leite, faltando pastagens para a nutrição dos rebanhos.
Felizmente o Rio Grande do Sul tem um ano excepcional em termos de ocorrência de chuvas, fechando o mês de janeiro com índices muito acima da média para o período e com perspectivas de que o mês de fevereiro continue idêntico, compensando um pouco os efeitos do calor elevado.
Se, porém, a população não tomar consciência e não se convencer quanto à responsabilidade de cada qual sobre a preservação dos recursos naturais, poderemos, talvez, no próximo verão, encontrar-nos em circunstâncias idênticas aos demais estados, lamentando-nos, igualmente, da inclemência do tempo e do comportamento da natureza.
As sequelas da falta de água ou da escassez das chuvas, não se restringem apenas aos prejuízos na produção agropecuária. A área de geração de energia também fica comprometida seriamente e já tivemos sinais da nossa vulnerabilidade e fragilidade, muito porque até aqui não aconteceram medidas de prevenção, faltando uma grande dose de planejamento.
Se anteriormente tínhamos a tendência de imaginar que a falta de energia poderia entravar o desenvolvimento do país, essa visão muda hoje passando a diminuição da reserva de água a configurar-se a vilã do futuro ameaçador, fator que deverá limitar a produção de alimentos, espalhando o espectro da fome para um número cada vez maior de países dos diferentes continentes.
Aumento dos combustíveis
O combustível é um item importante nas cadeias produtivas do setor agropecuário e na agricultura familiar. A mecanização das lavouras e o acionamento de máquinas e implementos nas lides rurais, onde, por exemplo, os geradores de energia tornam-se cada vez mais presentes, utilizam o insumo em escala cada vez maior.
O impacto do aumento dos combustíveis, fato em grande evidência nesta semana, é muito acentuado no custo de produção de todas as atividades. Há a influência direta e a indireta, e especialmente no cômputo dos aumentos dos fretes ou do transporte da produção e dos insumos, fica clara a amplitude desse aumento sem padrão e que demonstra uma anarquia no setor, pois o percentual de reajuste aplicado ao consumidor, em regra, foi superior ao autorizado pelo governo.
A falta de critérios únicos e a ausência de controle dos órgãos competentes sobre os distribuidores de combustíveis deveria ser objeto de uma ação veemente do governo federal. A omissão já demonstrada no caso da Petrobrás, estende-se também ao caso dos aumentos dos combustíveis.