A passividade do brasileiro, decantada em prosa e verso, muitas vezes se confunde com o espírito pacífico de pouco afeito a revoltas e protestos. O governo (ou desgoverno) que se instalou em Brasília conseguiu muitas proezas. Como transformar nossa pacata população num poço de revolta.
Existe uma atmosfera de repúdio ao festival de barbaridades perpetradas contra as pessoas de bem. Além dos resultados pífios da economia – encolhimento na oferta de empregos, déficits históricos na balança comercial e ameaçadora inflação – a ética, a moral e a transparência que reconduziram o partido da Presidente da República ao poder foram jogados no lixo.
Não bastassem os roubos escancarados em horário nobre pelo Jornal Nacional perpetrados contra a maior multinacional verde-amarela, a Petrobras, ouve-se que “os outros partidos fizeram o mesmo”. Ou que há dirigentes de várias agremiações mancomunados no assalto aos cofres públicos.
A explosiva mistura que mexe com os nervos do país é reforçada pelos absurdos aumentos de energia elétrica e dos combustíveis. É um verdadeiro tarifaço, termo que voltou à moda. O reajuste da luz – que pode chegar a 90% – é uma ofensa a todos que cumprem jornadas subumanas de trabalho, submetidos a um transporte coletivo humilhante e salários que perdem de goleada para a inflação.
A corrupção, tema tão combatido na oposição, agora rende dividendos para os “companheiros”.
A riqueza produzida pelo suor de milhões é usufruída por meia dúzia de apaniguados, empresários inescrupulosos e dirigentes omissos ou que compactuam com os roubos. Sindicalistas fracassados ocupam cargos que deveriam ser exercidos por técnicos especializados. Como ocorre na Petrobras. O resultado são balanços no vermelho, prejuízos sem precedentes, grandes escândalos e uma população abalada por um sentimento de traição.
Para o próximo o dia 15 está prevista uma manifestação nacional. As redes sociais estão bombando com convocações (confiram em https://www.youtube.com/watch?v=z5KPoecc0ME) para protestos pacíficos que certamente serão acompanhadas por baderneiros que defendem o partido, a ideologia e os métodos que transformaram o Brasil em vergonha mundial.
As promessas eleitorais se esvaíram. Deram lugar a patifarias que precisam ser denunciadas, combatidas e servir de alvo de protestos. Imaginem se o partido que ocupa o poder estivesse hoje na oposição…
Certamente teríamos ruas bloqueadas, incêndios de ônibus e muito quebra-quebra. As rodovias – exemplarmente desobstruídas para debelar o movimento dos caminhoneiros – estariam ornadas de bandeiras vermelhas do MST e de outros “movimentos sociais”.
Observando o que se passa em Brasília, se impõe o velho ditado: “Na prática, a teoria é outra”. A corrupção, bordão que levou Lula e Dilma ao Planalto, passou de discurso à prática corriqueira. Sempre a favor dos “companheiros”.

