Vale do Taquari – Líderes regionais e empresariais do Vale se reuniram dia 06 para discutir a crise que atravessa o país. No encontro, realizado na Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), autoridades ligadas à CIC-VT, decidiram redigir um documento que expresse a opinião geral, preocupações e orientações.
A convite do presidente Ito Lanius, o economista e empresário Rogério Wink sugeriu ações internas para aprimorar a gestão das empresas e torná-las mais competitivas. Falou ainda de ações externas, como a de criar grupo de monitoramento para adotar posição em relação aos agentes políticos e implantar ações de comunicação e relacionamento com federações, associações, CDL’s e demais entidades do estado.
O documento será dividido em três partes, contendo a análise dos desafios enfrentados pelos empresários e sua visão sobre os acontecimentos políticos. A segunda parte terá orientações sobre como trabalhar esta realidade com funcionários e parceiros de cadeia produtiva e com a comunidade. O documento será finalizado com reivindicações do empresariado a ser entregue às diferentes instâncias dos setores públicos.
Segundo os líderes presentes, o momento vivido até 2014 foi bom, com renda per capita crescendo em média 3,5% ao ano e redução do desemprego de 13% para 5%. Outros setores também foram favoráveis destacando: a estabilidade monetária, política e inflacionária; safra agrícola que passou de 80 para 200 milhões de toneladas e dobrando também a produção de veículos.
Para os próximos anos a previsão é de turbulência, com endividamento das famílias; baixa produtividade pelas empresas; elevação da carga tributária; déficit na balança comercial; queda na arrecadação e nas vendas de veículos, implementos rodoviários, agrícolas, entre outros.
Transporte de carga, energia elétrica e bebidas
O empresário Valmor Scapini, diretor regional do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do RS (Setcergs) traçou painel das circunstâncias que levaram à greve dos caminhoneiros e fez projeções dos próximos acontecimentos no setor.
Ele explicou que o transporte no Brasil é movido por caminhões e a infraestrutura brasileira não se adequou às necessidades. Do transporte rodoviário, 60% é feito por pequenas empresas, que foram responsáveis pela paralisação. Comentou que o óleo diesel incide de 45% a 55% sobre o custo do transporte. “Essa classe pode parar o Brasil e outros embates poderão ocorrer.”
O empresário da Certel, Egon Édio Hoerlle, vice-presidente regional do sistema Ciergs/Fiergs, falou das dificuldades vivenciadas pelo setor energético, que teve reajustes recentes. Segundo ele, 120 pequenas usinas esperam liberação por parte do setor ambiental do governo federal para funcionarem no Brasil. “Não há possibilidade de fazer investimento em geração de energia a curto prazo. Há muita burocracia. Precisamos urgentemente investir nessa área, mas há entraves burocráticos que nos impedem de fazê-lo, e isso impossibilita que tenhamos uma energia mais barata. ”
O empresário Nelson Eggers, diretor regional do sistema Ciergs/Fiergs e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes, falou sobre as dificuldades dos fabricantes de refrigerantes, cujos insumos são todos dolarizados, embora produzidos no Brasil. Deu exemplo do açúcar, alumínio e garrafas PET que são fabricados no país, mas comprados em moeda estrangeira e em Bolsa de Valores. Citou o recente aumento de impostos que deve afetar a cadeia produtiva.
Disse que o embate é contra o governo. Na sua visão, quem pegou dinheiro emprestado não vai conseguir pagar, “jogo político para angariar votos no último pleito”. Criticou o governo dizendo que o dinheiro arrecadado pelas empresas com a geração de impostos está sendo mal distribuído.
Na linha de refrigerantes, comentou a pesquisa realizada recentemente que apontou que nos três estados do sul foi comercializado 7% a menos em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2014. Em fevereiro o volume foi de 13% a menos. A Fruki teve queda de 9%.