A cara deste admirável mundo novo que habitamos não é feita apenas de inventos eletrônicos. Vive-se igualmente uma nova era em termos demográficos.
Desde 1925 até hoje a expectativa de vida ao nascer aumentou 20 anos nos países avançados. É por isso que se pode dizer que a vida não começa aos 40, como se falava. Começa 20 anos depois. Neste mesmo movimento, verifica-se que, pela primeira vez na história, a pirâmide populacional mudou a forma. Em vez de uma base larga de jovens e uma ponta estreita de idosos, temos agora um retângulo. Acontece que o número de pessoas que entram na terceira idade é próximo do número de indivíduos com menos de 15 anos, dado que o número de nascimentos baixou violentamente.
Não está sendo muito fácil adequar-se à realidade nova.
O fato é que a estrutura das cidades, os meios de transporte, o sistema escolar, o mundo do trabalho, tudo está organizado em função da antiga forma da pirâmide demográfica. Os métodos de ensino, por exemplo, estão desenvolvidos para favorecer a aprendizagem das crianças e dos jovens. Pouca coisa foi desenvolvida para atender os velhos. Ainda se ouve falar que, com o tempo, as pessoas perdem a capacidade de aprender. Provavelmente seria mais sensato pensar que idosos precisam de outras formas de abordagem.
No campo dos empregos, a tendência continua sendo descartar quem chegou a certa idade, em vez de flexibilizar a jornada laboral, para não perder a experiência acumulada, o equilíbrio emocional e a motivação que os idosos podem ter.
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O que tem evoluído positivamente é a pesquisa de ponta sobre o envelhecimento.
Uma das teorias mais instigantes procura demonstrar que pensar de forma jovem pode manter jovem o corpo, independentemente da idade que alguém tenha. Ou seja, que a unidade corpo e mente pode se manifestar também no retardamento da velhice.
Por exemplo, se você machuca o pulso aos 20 anos, você tem certeza de que vai recuperar o movimento. Mas se isto acontece aos 80, tudo e todos levam você a acreditar que o caso não tem cura. Assim, provavelmente, não terá mesmo. No entanto, experiências chamam a atenção para outro lado.
Por exemplo, a cientista de Harvard, Dra. Ellen Langer, conduziu uma pesquisa que vem servindo de inspiração para os testes que estão em andamento.
Em 1979 ela recrutou um grupo de oito homens na casa dos 70 anos para um retiro de cinco dias. Esses homens não tinham saúde nem boa nem ruim, mas aquilo que então se considerava uma saúde apropriada para a idade. Ou seja, eram vagarosos, andavam meio encurvados e fatigavam-se com facilidade.
Durante o retiro os homens foram acomodados em um velho casarão, mobiliado exatamente da maneira que era usado 20 anos antes. Programas de TV antigos passavam em aparelhos igualmente antigos. Em rádios tocavam músicas de 1959. As roupas oferecidas seguiam a moda da época passada, assim como a comida servida à mesa, os livros e as revistas disponíveis para ler. Ou seja, o grupo voltou fisicamente ao ambiente de 20 anos atrás.
Ao começar o retiro e no seu encerramento a Dra. Ellen aplicou testes para medir a capacidade física e cognitiva. Nem preciso dizer, você adivinhou que o resultado de um e outro foi completamente diferente. Em muitos casos, no final, o desempenho chegou perto do que seria esperado para homens com uma década ou até duas décadas de vida a menos.
Na conclusão a pesquisa afirma que nós temos potencial maior do que supomos para mudar nossa saúde. Manter a maneira de pensar de um jovem faz o corpo agir jovem.
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Não ponho a mão no fogo por nada do que você acabou de ler. Só estou aqui contando o que li numa publicação recente. Mas é ou não é legal pensar que tudo isto é verdadeiro e que a gente pode se beneficiar das descobertas?