Neste feriadão de 7 de setembro mais uma vez sofri com a famosa “síndrome do ninho vazio”. Eu e minha mulher Cármen resolvemos viajar a Livramento para fugir da “solidão dos filhos”. Laura, 21 anos, foi à praia com as amigas, mas teve compaixão para levar o Fiuk – o cachorro maltês da casa – para evitar a depressão do cusco mimado.
Henrique, filho que completa 20 anos dia 15, trabalhou sábado, domingo e segunda-feira (feriado), teimoso por escolher a profissão do pai e da mãe, que são jornalistas. Agora, à noite, o piá desandou a sair, encontrar colegas, comemorar com amigos do tempo do colégio e, é claro, namorar, afinal, ninguém é de ferro.
Os anos passam mais rapidamente quando temos filhos. Eles crescem, mas – constatação óbvia!– para nós sempre serão motivo de preocupação. Em Porto Alegre, onde residimos, a situação é de terror quando escurece o dia. O agravamento da insegurança em decorrência da crise financeira do Estado provoca episódios que mais parecem enredo de filmes de terror.
O ruído da chave girando na fechadura, o alerta de uma mensagem do WhattsApp dando conta do destino e que “está tudo bem” soam como bálsamos para conciliar o sono das madrugadas. Mulheres, jovens e idosos são presas fáceis dos marginais. Há dias estou em casa, em férias forçadas, ouço rádio todo o dia, vejo os telejornais e devoro os jornais. Isso só agrava a situação porque costumo dizer que as pessoas alienadas são as mais felizes no Brasil.
A espiral da violência faz com que os pais percam a noção de que os filhos cresceram
Meus filhos têm noção da importância de manter contato para dizer onde e com quem estão e qual a programação prevista, o que inclui – é claro – estimativa do horário de chegada em casa. Não se trata de exercer controle sobre o dia a dia deles, mas é resultado do medo motivado pela paranoia quando se fala de segurança.
A série de episódios lamentáveis faz com que nós, pais, percamos a noção da idade de nossos filhos. Distraídos, sedentos de curtir a vida e aproveitar os momentos com os amigos, muitas vezes eles perdem a noção dos riscos num prosaico passeio com o cachorro, por exemplo. Este hábito causou a morte do dono de uma padaria num bairro de classe média de Porto Alegre na terça-feira. Ao passear à noite com seu mascote, um empresário – natural de Arvorezinha – foi atingido em meio à troca de tiros entre brigadianos e marginais.
Mais um inocente trabalhador perdeu a vida. Isso só aumenta a preocupação dos pais que sofrem ao ver os filhos saindo da adolescência para enveredar pela conflituada vida adulta. É preciso ter nervos de aço, como diria Lupicínio Rodrigues…