Disraeli, escritor e estadista inglês, certa vez disse que “fazemos nosso caminho e o chamamos destino”.
Será mesmo?
O assunto começa quando um paraense, consultor de marketing, 37 anos, recebe o telefonema de um colega de empresa, comunicando que a passagem já estava à sua espera, no balcão da companhia aérea. Ao final da ligação, Wellington, este o nome do moço, resolve perguntar aquilo que já estava cansado de saber: “qual a duração do vôo”?
“Pouco mais de oito horas”, foi a resposta. “Então eu não vou hoje”, disse Wellington, que viaja mais de uma vez ao mês, no mesmo roteiro, em vôos com a mesma duração. Não aceitar viajar naquele vôo, salvou a vida de uma pessoa predestinada: ele mesmo.
O vôo que Wellington deveria pegar era o 1907, trecho Belém/Brasília, que acabou sofrendo um acidente raríssimo – choque de dois aviões em pleno vôo – e ainda mais raro, quase impossível de acontecer, o avião menor conseguiu pousar, sem que qualquer passageiro se ferisse. No choque, o outro avião, um Boeing, teria sido atingido no seu profundor e estabilizador, sem os quais, o avião perde o controle e cai de bico. Estava selado o “destino” de 155 almas que, minutos antes da queda, tinham suas famílias, seus amigos, sua vida e seus sonhos.
Proponho formularmos juntos, algumas questões para tentar entender o porquê de algumas pessoas serem sempre preservadas, nesses casos, enquanto outras sofrem as consequências de estar no lugar certo, mas na hora errada (ou seria o contrário)?
Wellington, o consultor de marketing, teve a escolha entre a vida e a morte na ponta da língua. O que o levou a decidir por não viajar, quando o mais lógico seria ter embarcado?
O que são oito horas para quem está longe da família e sente o chamado de casa? Como resistir? Ele resistiu.
Que misterioso sinal fez com que ele parasse o carro de sua vida naquele sinal verde? Imaginava-o vermelho?
Neste caso, penso que a resposta dos leitores seria quase unânime: coincidência.
Seria também a minha opinião, se os fatos fossem só os relatados. Tem mais.
Na verdade, esta foi a segunda vez em que o predestinado Wellington driblou o “destino”. Há cinco anos, ele deveria fazer a mesma rota, só que no sentido contrário, rumo a Manaus. Sabe-se lá por que, remarcou a passagem e o avião no qual viajaria, explodiu no ar, matando todos os passageiros.
Que misterioso aviso recebe nosso personagem, quando o perigo se avizinha?
Coincidência, uma resposta já não tão unânime assim.
Pois bem, agora o algo mais: o pai de Wellington era um dos sete passageiros de um bimotor que, em meio à tempestade, perdeu-se e ficou sem combustível, até cair, nas matas de Marajó.
Manoel Pipalos, este o nome do pai de Wellington, teve pulmões perfurados, costelas quebradas mas, por ser médico, seguiu rígidos e necessários procedimentos, que o salvaram.
Foi encontrado em meio à mata fechada, depois que as buscas já haviam sido encerradas.
Como explicar?