Era previsível que os custos de produção no setor da agropecuária teriam uma elevação a partir da oscilação constante da moeda norte-americana, o dólar, que é uma referência nos negócios internacionais.
O produtor rural, na verdade, já tinha essa consciência, pois os principais insumos utilizados, tanto nas lavouras das principais culturas, quanto no preparo do trato dos animais têm alguma relação com o dólar e, consequentemente, os seus efeitos seriam notados.
O que, no entanto, o produtor não vislumbrava e o que se confirma agora, está exemplificado no preço do leite pago pela indústria. Há empresas que nos últimos três meses vêm diminuindo os preços, em alguns centavos, mas que se vai acumulando, a ponto de chegar perto dos 10 centavos em um curto período.
Em contrapartida, o produtor observa que a ração adquirida aumenta uma vez por semana, o transporte aumentou em consequência da elevação dos combustíveis. A energia elétrica aumentou recentemente e desta forma chega-se à confirmação de que atualmente o custo de produção está em um patamar, possivelmente antes nunca atingido.
E quando se fala de preços de sementes ou de fertilizantes, a queixa é a mesma, ou seja, em questão de poucos dias o adubo aumentou em vários reais o saco, assim como a ureia também teve o seu preço dando um salto de ao redor de 10 reais o saco.
Em suma, todos os insumos ou itens importados, têm a sua cotação majorada. E se ocorre a exportação de algum produto, oriundo da agropecuária, aí o produtor não participa da distribuição dos benefícios.
Por falar em exportação, países asiáticos acenam cada vez mais com a possibilidade de importação de carne brasileira. Desta vez há a informação de que a Malásia estaria em um processo de habilitação de quatro frigoríficos com vistas à compra de carne de frango. Fala-se em cifras que chegam ao redor de 35 milhões de dólares anuais com a provável venda de carne.
Crédito Fundiário– cobrança de promessa
Por ocasião da realização da Marcha das Margaridas, no dia 12 de agosto deste ano, em Brasília, a Presidente da República havia prometido regulamentar, com brevidade, o Decreto nº 8.500, que trata de detalhes da ampliação do Programa Nacional de Crédito Fundiário.
Passados mais de dois meses, sem nenhuma sinalização para o cumprimento do que fora prometido, trabalhadores rurais organizam formas de pressão para obter uma posição do governo federal sobre o tema.
Há levantamentos que indicam que no RS em torno de 35% dos pequenos agricultores, e principalmente jovens, não têm terra própria para produzir. Estima-se que a produção agrícola poderia ter um crescimento considerável com o aproveitamento de espaços ou áreas que não são utilizadas, mas que, a partir do instrumento do Crédito Fundiário, poderiam ter a posse transferida, de uma forma pacífica e legal, sem o ingrediente das desapropriações ou invasões que normalmente acabem em conflitos.
Possivelmente neste ano não aconteça mais nenhuma novidade em relação a este assunto, pois cada vez mais é passada a imagem da falta de recursos, também no governo federal, visto que vários programas tiveram as suas regras alteradas.
Estrangeiros no Bolsa Família
Chama a atenção uma informação dando conta de que o Programa Bolsa Família, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, atende hoje um total de 15.707 famílias de estrangeiros, dentre essas, 163 famílias oriundas da Síria.
A questão da “acolhida” de estrangeiros é controversa e de interpretações diferentes, e mesmo que exista o sentimento humanitário, torna-se de difícil compreensão um tema que envolve a falta de proteção de milhões de brasileiros natos, que não têm acesso à saúde, à educação e muitas vezes à alimentação suficiente.

