O noticiário policial surpreende a cada dia. As manchetes parecem de algum roteiro de filme, mas viraram rotina. Na semana passada soube-se que cerca de 50 animais “desapareceram” do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, em sua maioria pássaros. Os poucos butiás que eu ainda levava nos bolsos caíram…
Ataques a igrejas, motéis, postos de gasolina, bancos, capelas, caixas eletrônicos e até cemitérios são “comuns”. Não existem limites para os bandidos. Talvez por isso recente pesquisa revela que metade da população das grandes cidades brasileiras considera que “bandido bom é bandido morto”. O levantamento foi realizado pelo Datafolha.
O sentimento de medo da população é o motivo pelo qual os especialistas no assunto não foram surpreendidos. Inflação, desemprego, corrupção e insegurança levam o cidadão a radicalizar na tentativa de garantir a retomada da segurança, acrescentam os estudiosos.
A repetição de episódios violentos levou o cidadão a confundir punição com castigo, principalmente diante dos crimes contra a vida. A banalização da violência, presente em todos os setores da vida moderna e em destaque todos os dias na mídia, gerou um exacerbado sentimento de revolta.
No Sul do país está o maior contingente que acha que “bandido bom é bandido morto”
A realidade mostra que a violência transbordou os limites de repressão do Estado. Existe um sentimento de derrota em relação à violência. Há intolerância no trânsito, na fila de supermercado, nos estacionamentos.
Relatório da Anistia Internacional mostra que a força policial brasileira é a que mais mata no mundo, constituindo o que os especialistas denominam de “genocídio social” porque a maioria dos mortos é pobre, negro e morador da periferia. O pesquisador Antônio Marcelo Pacheco de Souza, sociólogo e pesquisador da UFRGS, provoca:
– A sociedade, em vez de se vitimizar como “refém” dos bandidos e de um Estado inoperante, deveria se assumir também como violenta porque é racista e sexista.
E é na Região Sul do Brasil que se registra o maior número de pessoas que acham que “bandido bom é bandido morto”. Dá o que pensar.

