Marques de Souza – Quem visitou as instalações da sede do Poder Executivo municipal nos últimos 30 dias foi surpreendido pela estrutura que apresenta o busto de Manoel Marques de Souza, instalada no jardim. O município é um dos poucos que pode exibir o patrono que deu origem ao nome da cidade em forma de obra artística.
O investimento no monumento foi de R$ 6.078. O busto foi confeccionado em concreto maciço pelo artista plástico Olir Francisco Dutra, de Encantado, e pesa mais de 200 quilos. Custou R$ 2 mil e o alicerce em mármore, placas homenageando a comissão emancipacionista e a mão de obra saiu por R$ 4.078.
De acordo com a secretaria da Administração, inicialmente era pleiteada a construção de um pórtico, por meio do Ministério do Turismo, o que não ocorreu. Entretanto há cerca de meio ano, iniciaram as tratativas para a colocação de um busto.
Não foi feita solenidade em respeito aos contos que remetiam a lendas de que cidadãos de origem alemã teriam sido reprimidos, perseguidos e injustiçados por desapropriações ilegais, durante a Revolução Federalista (1893-1895), Revolta dos Muckers (1898), 1ª Guerra Mundial (1914-1918), Combate do Fão (1932) e 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo relatos, alguns oficiais combatentes na região eram descendentes e/ou seguiam a doutrina pregada por Manuel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre. “Foi uma maneira de homenagear o interventor que deu origem ao nome da cidade”, explica o secretário Alécio Weizenmann.
Histórico – O início da colonização do município deu-se entre 1870 e 1880, com a chegada de imigrantes alemães oriundos da região de Nova Petrópolis. A localidade, que era pertencente da então Barra do Forqueta – que se estendia entre Arroio do Meio e Barra do Fão –, recebeu o nome de Neu Berlin da Forqueta, sendo o 5º distrito de Lajeado. A mudança do nome da localidade para o nome atual, em homenagem ao Conde de Porto Alegre, Manoel Marques de Souza, ocorreu entre 1916 e 1920.
A emancipação foi conquistada em 28 de dezembro de 1995, sendo instalado oficialmente como município em 1º de janeiro de 1997. A Comissão de Emancipação foi presidida por Nilvo Ruben Ritter, mais conhecido por Xerife (já falecido) tendo como vice Dorival Künzel. Em 03 de outubro de 1996 ocorreram as primeiras eleições no município, elegendo prefeito Gelsy Elton Arend (PP) e vice Rubem Kremer.
O Conde de Porto Alegre – Apelidado de “O Centauro de Luvas”, Marques de Souza foi um militar, político, abolicionista e monarquista brasileiro. Nasceu em uma família rica e de tradição militar, entrando no exército em 1817, ainda criança. Sua iniciação militar ocorreu na Guerra contra Artigas, que teve seu território anexado e se tornou em 1821 a província brasileira da Cisplatina. Ficou envolvido durante boa parte da década de 1820 no esforço brasileiro para manter a Cisplatina como parte de seu território, primeiro durante a independência do Brasil e depois na Guerra da Cisplatina. No final a província conseguiu se separar e se tornou a nação independente do Uruguai.
Alguns anos depois em 1835 sua província natal de São Pedro do Rio Grande do Sul se rebelou na Revolução Farroupilha. O conflito durou quase dez anos e Porto Alegre liderou o exército em vários confrontos. Teve um papel importante ao salvar a capital provincial dos rebeldes farrapos, permitindo que as forças governamentais conseguissem um fundamental ponto de apoio. Porto Alegre liderou uma divisão brasileira em 1852 na Guerra do Prata em uma invasão contra a Confederação Argentina para derrubar seu ditador. Recebeu um título de nobreza e foi sucessivamente barão, visconde e por fim conde.
Nos anos pós-guerra, voltou sua atenção para a política e se aposentou como tenente-general, então a segunda maior patente do exército. Ele se afiliou ao Partido Liberal nacionalmente e foi eleito deputado representando São Pedro do Rio Grande do Sul. Porto Alegre também fundou o Partido Progressista-Liberal no nível provincial – uma coalizão de Liberais como ele e alguns membros do Partido Conservador. Brevemente serviu como Ministro da Guerra. Porto Alegre voltou ao serviço militar quando estourou a Guerra do Paraguai. Foi um dos principais comandantes brasileiros durante o conflito e sua participação ficou marcada por importantes vitórias, além de brigas constantes com seus aliados argentinos e uruguaios.
Porto Alegre voltou para a carreira política ao final do confronto. Se tornou um grande defensor da abolição da escravatura e patrono da literatura e ciência. Ele morreu em julho de 1875 enquanto servia novamente no parlamento. Era muito estimado até a abolição da monarquia em 1889, caindo na obscuridade por ser considerado muito próximo do antigo regime. Sua reputação foi posteriormente reabilitada até certo ponto por historiadores, com alguns o considerando como uma das maiores figuras militares da história do Brasil.