Faz muito tempo que não se vislumbrava um quadro tão sombrio em tantos segmentos da vida. Em Brasília, o nível do debate político parece ter chegado ao subsolo, embora pareça que não existam limites para tamanha baixaria. Enquanto a troca de desaforos entre a Presidente Dilma e o Presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha não termina, o país está paralisado.
A economia experimenta um momento de combinação deprimente. Desemprego, inflação alta, negócios paralisados, empresários prostrados sem saber o rumo a tomar. Os desacertos do governo federal na condução de pautas importantes para o país refletem diretamente na atividade produtiva. As vendas caem, as indústrias demitem premidas pelo minguar dos negócios, o comércio congelado pela falta de poder aquisitivo e as riquezas do Brasil se esvaem pelo encolhimento do PIB.
No Rio Grande do Sul, a histórica crise das contas públicas superou o limite do suportável. Cortes, encolhimento geral, redução em todos os níveis demonstram que o “empurrar com a barriga” chegou à exaustão. Não existe mais lugar para maquilagens, truques de “photoshop financeiro”, chicanes e factóides para disfarçar o rombo.
Como tudo que é ruim sempre pode piorar, a fúria do clima, em 2015, agravou os problemas. Submeteu a agricultura a um coquetel nefasto com chuvas fortes, ventos e granizo em profusão. Uma mistura rara que há tempos não se via, cujas consequências deverão perdurar por muito tempo.
Aqueles que perdem tudo sempre encontram energia para recomeçar
Os prefeitos, amordaçados pelo regramento legal que regulamenta as despesas, vê com pavor o final do ano – leia-se pagamento do 13º salário. Cortam gastos, enxugam cargos de confiança, adiam investimentos, levam a criatividade ao limite. Não há mais o que reduzir. Estão no limite para manter apenas os serviços básicos em suas comunidades.
Não bastassem as más notícias sobre política, economia e ética, a violência instalou-se com força na sociedade. Manchetes de assaltos, chacinas, sequestros, acidentes de trânsito sem precedentes já nos anestesiaram. Parece que a estupidez humana não tem limites.
É difícil desejar um “feliz final de ano” com o quadro atual, mas a esperança – sempre ela! – precisa perdurar. Não é fácil sobreviver aos reveses, buscar energias para reagir, fixar metas viáveis e encontrar uma fonte de inspiração para seguir adiante.
Há, sempre, bons exemplos a nos impelir, até nas enchentes que assolam o Estado. Se de um lado milhares de pessoas perderam tudo que têm, de outro vislumbra-se a população sensibilizada através de doações, acolhimento e ajuda de todo tipo.
O engajamento de voluntários nas diversas frentes de combate aos efeitos das chuvas demonstra que nem tudo está perdido. Em todos os lugares há gente disposta a dedicar horas de ajuda desinteressada integrando um gigantesco movimento de solidariedade.
A tragédia das águas é um fenômeno repetitivo que parece não ter solução e não poupa ninguém: crianças, adultos e idosos.
Talvez de bom mesmo, possamos nos inspirar na dedicação de tanta generosidade humana que permite compartilhar o que tem para minimizar os prejuízos daqueles que, duas ou três vezes ao ano, precisam recomeçar a vida. Estes recomeçam, acreditam, perseveram!

