Conforme esta coluna havia anunciado, há algumas semanas, tivemos desde a segunda-feira, dia nove, um movimento de paralisação dos caminhoneiros, fato ocorrido em uma dezena de estados brasileiros.
A mobilização dos transportadores de cargas, se tivesse obtido uma adesão mais expressiva traria, inevitavelmente, grandes prejuízos para diversos setores de atividades econômicas. A categoria sai frustrada da iniciativa, até porque a organização foi conduzida fora da alçada das entidades sindicais e, por outro lado, desde o início das manifestações houve uma ação enérgica da Polícia Rodoviária Federal, reprimindo ou impedindo o trancamento de rodovias.
E para amedrontar ainda mais os manifestantes, o governo federal, através do Ministério da Justiça determinou a aplicação de sanções rigorosas, em termos de suspensão do direito de dirigir e aplicação de multas de valores próximos a dois mil reais por motorista.
Mesmo que as situações de fechamento ou obstruções de rodovias ocorressem de forma isolada, em apenas alguns pontos no Estado, registram-se prejuízos em relação ao transporte de produtos como carnes, leite e grãos, atrasando embarques para o exterior, não havendo o cumprimento de certos compromissos de entrega pontual de mercadorias adquiridas.
Como já afirmei em outra oportunidade, os caminhoneiros não têm sido atendidos em suas reivindicações encaminhadas no início do ano quando aconteceu uma mobilização bem mais intensa. Esperavam e continuam aguardando uma atitude do governo federal sobre um subsídio na aquisição de combustível, a definição de uma política de preços dos fretes e condições especiais para linhas de financiamentos, destinados à renovação da frota, através da aquisição de novos veículos.
Bem, sobre os procedimentos das forças de repressão, estranha-se a ação tão decidida e de um teor de repressão tão drástico. Dizem não ter havido diálogo e que as autoridades não deram uma esperada atenção a quem tem muito a reclamar. O uso da força e o autoritarismo foram as marcas dos episódios desta semana neste fato da tentativa de paralisação dos caminhoneiros.
Crédito Fundiário
Nesta semana voltamos a perceber manifestações da classe trabalhadora rural, demonstrando o seu descontentamento em relação à morosidade ou desatenção com que o governo federal vem tratando das prometidas mudanças no Programa Nacional de Crédito Fundiário.
No mês de agosto foi apresentada e defendida uma pauta de reivindicações, por ocasião da mobilização identificada como a “Marcha das Margaridas”, quando o Ministério do Desenvolvimento Agrário acenou com alterações no Programa, estendendo os benefícios do Crédito a agricultores herdeiros de propriedades, além de aumentar o teto dos financiamentos e os limites de rendas dos habilitados.
A demora das esperadas ações governamentais traz impaciência e descrédito para as entidades sindicais e os beneficiários.
É possível que essa estratégia do MDA em não ter pressa para a adoção de novas regras tem a ver com versões de o programa ter sofrido desvios de finalidades ou utilização de recursos públicos em desacordo com os seus princípios. Se verdadeiras essas suspeições lastima-se que não tenham sido tomadas providências para a devida apuração e consequente a correção das falhas, eventualmente confirmadas.
Safra pode encolher
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) emitiu um relatório nos últimos dias revendo projeções de volumes de grãos que poderão ser colhidos na próxima safra de verão, no Estado do Rio Grande do Sul. O fator clima, sob a influência do “El niño”, tem provocado transtornos nos processos de plantio das lavouras, inicialmente de trigo, após do milho e agora na cultura da soja. A safra 2014/2015 do Estado foi de 32,1 milhões de toneladas e a próxima colheita poderão ficar situada entre 29,6 a 31,3 milhões de toneladas, ocorrendo assim uma queda de mais de dois milhões de toneladas. Esta não é uma boa notícia para um setor que no conjunto da economia figurava como sendo um dos setores mais estáveis e de resultados mais positivos na geração de divisas.