Há alguns dias, por coincidência, em uma passagem num estabelecimento comercial na região, eu e um agricultor observamos a exposição de diversas mercadorias e nos deparamos com um sortimento de insumos agrícolas, analisando e comparando preços, embora não tivéssemos o intento de comprarmos algum item dessa natureza.
O produtor rural não se conteve, indicando a curiosidade encontrada em um volume de “milho quebrado”, aparentemente, destacando o peso de 25 quilos e o seu preço cotado em R$ 32. “Veja só, menos de meio saco de milho valendo tudo isso!”, exclamou o trabalhador rural, seguindo o raciocínio de que o preço estaria fora da realidade e longe daquilo que o produtor recebe quando tem a sua produção para comercializar. Tentei argumentar e consolar o agricultor, dizendo que possivelmente se tratava de um “composto” destinado para determinados animais, como cavalos ou outros, porém não fui convincente e ficou no ar a sensação de uma distorção.
E falando em “sustos”, eles são observados na fisionomia de praticamente todos os consumidores de energia elétrica que estão recebendo as “faturas” (contas) do primeiro mês deste ano. Além da sensação de impotência, resta o desconforto e a indignação, além da quase certeza de que nos próximos meses poderemos ter novos desdobramentos, quando ocorrer uma real adequação dos preços da energia, lembrando que agora foi somente o reflexo da elevação das alíquotas dos impostos.
Aumentos da energia, dos combustíveis, da cesta básica, dos juros, tudo isto poderá ter ainda, em breve, o incremento da criação ou reinvenção da CPMF (contribuição provisória sobre movimentação financeira), com o argumento de “salvar a Previdência e a Assistência Social”. Há indicativos, através de estudos realizados, garantindo que a Previdência não é deficitária. Existem, segundo entendimentos de especialistas, outras demandas ou outros rombos a serem resolvidos.
E mais uma vez devemos alertar a aproximação de mudanças na Previdência, especialmente na área rural. Tudo indica que irão mudar os limites mínimos (idade mínima) para a concessão dos benefícios de aposentadoria do trabalhador rural. Dificilmente escaparemos da unificação com os demais trabalhadores urbanos, passando para os 65 anos de idade, não se descartando também uma provável mudança nas contribuições do rural. O tumulto no Congresso Nacional é intenso e não se pode prever qualquer resultado de suas decisões, mesmo que estejamos em um ano eleitoral.
Campanha em desfavor
Uma ampla matéria veiculada no último final de semana em um veículo de comunicação, de abrangência nacional, despertou, no mínimo, um questionamento. O enfoque dado à comercialização de “produtos orgânicos”, nas feiras de produtor, em vários pontos do país, poderia ter a intenção de diminuir ou de dar menor importância a um setor que se expande e que atrai cada vez mais consumidores.
Se existem problemas de deslealdade ou de pessoas ludibriando a boa fé do comprador, tais fatos não podem ser generalizados e os conceitos emitidos não podem ter a dimensão a ponto de atingir a todos os esmerados e abnegados produtores.
É notório que os espaços ocupados pelos produtos orgânicos são cada vez mais expressivos e torna-se um compromisso e um desafio para os produtores e os órgãos que os assistem, a tomada de uma atitude transparente e de responsabilidade.
Na nossa região a agroecologia vem evoluindo, há aspectos a serem aprimorados e melhorados, mas tem que se dar credibilidade ao trabalho. Não acredito que tenha nos espaços dos produtos orgânicos (ecológicos) algum item buscado na Ceasa ou outros centros, mascarados ou adulterados, traindo a expectativa do consumidor. E se estiver acontecendo algum caso isolado, todos os demais expositores devem agir imediatamente e eliminar qualquer foco.
Na produção orgânica, inclusive a origem das sementes e das mudas é um fator importante. E sabe-se que há um grande esforço nessa qualificação.

