Supermercado é comigo mesmo. Vou pelo menos três vezes por semana fazer as compras da casa. Confesso que não resisto às novidades que brilham naquele ambiente propício ao consumismo. Ao contrário de outras pessoas, que juram odiar cumprir esta obrigação doméstica, sou assumidamente um frequentador do super.
Homens costumam esconder que gostam de passear entre as gôndolas repletas de delícias. Às quartas-feiras, sábados e domingos vou às compras. Por coincidência – ou não – nestes dias faço churrasco, hobby que se transformou em religião lá em casa.
Com a explosão inflacionária dos últimos meses tento me conter. Mas este comportamento fica comprometido quando envio uma sucinta mensagem pelo whatsapp para o grupo da família que diz: “Algo do super?”. Em minutos pipocam bips ensurdecedores com “sugestões de compras”. Mas, como se dizia nos meus tempos de piá lá no bairro Bela Vista… “quem inventa, aguenta!”.
Minha esposa adora frutas, legumes e verduras. Ontem mesmo passei voando pelo setor de feira porque os preços estão, literalmente, pela hora da morte (das nossas finanças). Mas Dona Cármen adora laranja de umbigo, rebatizada de “navelina” – originária da Califórnia, “de crescimento rápido, com produção comercial já no terceiro mês. Ao mês é o que diz o Google”.
É preciso comer e, depois, manter tudo limpo e perfumado dentro de casa
Comprei três unidades destas reluzentes frutas cítricas e paguei – acredite! – 7 reais. Cá entre nós, isso não é compra, é um assalto! E o pior é que fiz a compra, aceitando a exploração! A exploração também atinge o mamão (meia fruta por 6 reais) e a prosaica melancia, vendida no passado, às margens da BR-386, à base de 10 reais por três/quatro unidades. Hoje, aquelas minúsculas, tipo japonês, podem ser arrematadas por 6, 7 reais!
É óbvio que se estas compras fossem para o meu consumo jamais seriam concretizadas. Mas a mãe dos meus filhos merece alimentos sadios. E por isso, sem ao menos pedir, ela é aquinhoada todas as semanas com produtos da feira compostos, ainda, de banana, ameixas (carésimas!) e, em breve, as indefectíveis bergamotas com seu perfume de infância.
Além das frutas, o carrinho é abastecido com cerveja, chocolate, produtos de limpeza (nossa diarista deve lavar piso, banheiro, pia e tudo mais ao menos duas vezes, tamanho consumo!), pizzas, alimentos congelados para aplacar a fome da gurizadas nas madrugadas e produtos de higiene pessoal.
Pronto! Lá se vão muitos reais, ganhos a duras penas e sacados no simples dedilhar da senha do Banricompras na boca do caixa. A cada dia, este exercício está mais penoso porque exige mais horas de trabalho, esforço e cuidado nas aquisições. Fazer o que? Precisamos comer e, depois, manter tudo limpo e perfumado dentro de casa.

