A política brasileira se transformou numa novela mexicana de mau gosto. Encarar personagens como o deputado federal Waldir Maranhão (PP/MA) de maneira bem humorada é ignorar a dimensão dos estragos causados ao país na segunda-feira. Basta lembrar as manchetes dos jornais e revistas do mundo no dia seguinte. Os estragos à economia e à imagem do nosso país no exterior são imensuráveis.
A primeira lembrança política que me vem à mente é uma campanha eleitoral aqui, em Arroio do Meio, em 1968, quando meu pai – Gilberto Delmar Jasper – concorreu com êxito a vereador. Foi uma experiência inesquecível. Era época do bipartidarismo que imperava através da Arena – partido governista – e do MDB, que abrigava todas as correntes de oposição.
Recordo os comícios realizados à noite, em armazéns e bodegas, em “linhas” e “picadas” do interior do município. Em muitos lugares sequer havia energia elétrica. A iluminação era feita por “liquinhos” que pendiam do teto. O enorme balcão de madeira que de dia servia para atender os fregueses servia de mesa principal, onde ficavam os postulantes a uma vaga na Câmara de Vereadores.
Não esqueça: foi a política, com todos os seus defeitos, que varreu a ditadura
Havia grande rivalidade durante a campanha eleitoral. Lembro até das apostas em dinheiro, engradados de cerveja e fartos churrascos que implicavam não apenas o resultado final, mas diferença entre vencidos e vencedores. Findo o pleito, aos poucos a normalidade se impunha em nossa pequena comunidade. Afinal, todos brigavam pelo crescimento do município.
Estas lembranças evocam personagens históricos como Arnesto Dalpian, Benito Johann, Rubem Wienandts, Paulo Steiner, Aloísio Weschenfelder, João e Júlio Gasparotto e a guerreira Carmenzita Friedrich Vial, pioneira na participação política feminina. Eles, além de Pedro Simon e Paulo Brossard, frequentavam nossa casa em reuniões pautadas por voz em tom baixo. E, não raras vezes, na penumbra na parte dos fundos do terreno.
O romantismo político ficou nos livros, nas reminiscências e conversas de pessoas como eu, que considera a política instrumento precioso para melhorar a vida das pessoas. Longe de fomentar o ódio, promover a divisão ou assegurar privilégios pessoais.
É fundamental lembrar que, apesar dos pesares, é somente através da política que alcançaremos as soluções para os graves problemas do país. Da mesma maneira que a ditadura foi varrida do Brasil.

