O Brasil é o país do futebol, muito embora o antigamente chamado esporte bretão tenha nascido, sim, na Inglaterra, mas da forma como o conhecemos hoje.
Na realidade, os primeiros movimentos do futebol datam de mais de 45 séculos (4500 AC).
Existe comprovação de que já na pré-história, os jogadores chutavam uma bola de granito. Há mais de 30 séculos, o Egito e a Babilônia “batiam sua bolinha”, com a bola simbolizando o Sol para os egípcios e a Lua para os babilônios.
Mais ou menos na mesma época, na China da dinastia Hsia, representantes da hoje nação mais populosa do planeta praticavam o tsu-chu (golpe com o pé), utilizado pelo imperador Huang-Ti para manter a forma física de sua guarda militar.
O tsu-chu, séculos mais tarde, foi refinado na Inglaterra, onde os primeiros clubes surgiram antes de 1850, com a Federação Inglesa sendo fundada em 1863 e a primeira bola – mais ou menos como é hoje – chegando ao Brasil em 1895, trazida da Inglaterra pelo paulista Charles Müller.
Os mais recomendáveis especialistas em futebol e seu sucesso, no Brasil, explicam que em um país imenso, formado pela miscigenação de raças, povos e nações imigrantes, a melhor forma de cada povoado, vila ou cidade fazer-se representar foi justamente o futebol, com os times identificando-se com sua origem e, um pouco mais tarde, com suas cidades e estados brasileiros.
Daí, o Palestra Itália, hoje Palmeiras, o Sport Club Germânia, hoje Pinheiros e centenas de outros que foram desaparecendo ou fundindo-se, ao longo dos tempos.
O primeiro clube brasileiro criado especialmente para praticar futebol foi o Sport Club Rio Grande (RS), fundado em 19 de julho de 1900, data transformada pela antiga CBD (hoje CBF) em Dia Nacional do Futebol.
De lá para cá, todos sabemos o que aconteceu com a fábula – usada na manchete no sentido de “algo extraordinário”; quem já não ouviu dizer que o jogador tal custou uma “fábula de dinheiro”?
O futebol, hoje, deixa bem claro para todos que o acompanham, no Brasil, que “grandes times” dependem, acima de tudo, da “tradição” e do “amor à camiseta”, sendo notório destacarem-se aqueles que dão, às suas equipes-base, a melhor das atenções.
E a fábula?
A “fábula” de que falo é o próprio futebol, cuja realidade alerta quanto ao que se quer fazer no sistema educativo brasileiro: qualquer “guri” sabe que um clube sem categorias inferiores bem preparadas (sub-17, sub-15, sub-14, juvenis, etc) jamais conseguirá formar uma equipe ganhadora de títulos, capazes de apaixonar gerações de torcedores.
Como montar uma equipe campeã, se a base é formada por jogadores sem intimidade com a bola?
Como formar no Brasil, os milhares de cientistas, mestres e eruditos que precisamos ou mesmo apenas técnicos, se a maioria dos estudantes, hoje, provém de cursos com carência de horas-aula, frequência, respeito e melhor acompanhamento familiar? Enquanto isso, boa parte dos pais reserva-se apenas o direito de receber, no fim do mês, a pequena quantia paga para que seus filhos frequentem a escola?
Com essa premissa, quantos anos de aprimoramento serão necessários para formar adultos competentes, se boa parte deles, quando alunos, for promovida de ano mais como incentivo do que como reconhecimento?
Como acabar com os cursinhos, se eles, hoje, seriam válidos até para uma boa parte dos professores?
É como no futebol: uma troca mal feita pode resultar na perda de muitos “títulos”. Já pensou?