Na semana anterior fiz menção à insatisfação das entidades que representam a “agricultura familiar” diante do fato da unificação de alguns ministérios a partir da posse do governo interino ou provisório.
A mexida que atingiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais conhecido pela sigla “MDA”, desagradou a categoria dos pequenos agricultores, dando início a uma mobilização e pressão para que o governo revisasse a sua decisão.
Pois, a exemplo do que acontece na área da Cultura, que possivelmente terá o pleito de retorno do ministério contemplado, o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, gaúcho Osmar Terra, acena para a intenção de criar uma Secretaria Especial para a Agricultura Familiar. Não é exatamente o que a classe almejava, mas significa uma tendência de que o segmento terá um órgão específico onde poderá tratar de questões de seus interesses e necessidades.
Conforme já mencionado, a Agricultura Familiar tem bandeiras de reivindicações e mobilizações muito pontuais e próprias e a sua organização classista persevera e insiste no clamor e defesa, por exemplo, de um Crédito Fundiário mais propício, na liberação de recursos para o Programa da Habitação Rural e de uma solução para o caso da filantropia da Emater/RS, que já se arrasta por muitos anos.
Essas áreas mencionadas são elementares, básicas para o esforço de se manter com sobrevida as pequenas propriedades, a sucessão familiar e especialmente a permanência de jovens agricultores no meio rural.
Tais pontos ou pleitos já manifestados e reiterados junto ao governo federal, coincidem em vários aspectos com a pauta da 22ª edição do Grito da Terra Brasil, evento que acontecerá na terça-feira, dia 31 de maio, em Porto Alegre, que é uma organização do Movimento Sindical de Trabalhadores Rurais.
A FETAG/RS estima uma participação, no evento de terça-feira, de mais de três mil pequenos agricultores, representando os 350 sindicatos da categoria, motivados pelo lema deste ano que se resume no seguinte: “Para nossa permanência no meio rural: terra, saúde, educação, previdência social e políticas públicas para a agricultura familiar”.
Preços de grão causam desespero
Dois tradicionais produtos do agronegócio chamam a atenção pelas peculiaridades do momento. Trata-se das culturas do milho e da soja que, literalmente, desorientaram o mercado. Enquanto o preço da saca de soja ultrapassa a casa dos R$ 80, a cotação do milho, insumo essencial na alimentação dos rebanhos, aproxima-se de R$ 50.
O grande impacto sentido pelas atividades produtivas, das cadeias do suíno, avicultura e leite, deixa um ar de desespero, pois, além do elevado preço, registra-se uma escassez na oferta do milho. Os suinocultores, especialmente os que operam de forma independente, não participantes do processo integrado, estão desistindo da atividade, pedindo socorro aos órgãos governamentais. A crise é forte e as perspectivas de solução ficam cada vez mais distantes.
Lei do Integrados
As atividades de integração entre produtores rurais e indústrias, têm regras oficiais a partir do último dia 17 de maio, com a sanção da Lei nº 13.288/2016. Sobre as condições, obrigações e responsabilidades tratarei nas próximas edições.

