O avanço da idade impõe muitas limitações. Acostumados à vitalidade para ir e vir, fazemos o que bem entendemos. Isso impõe dificuldade para assimilar o que se poderia chamar “vida nova” depois dos 40/50 anos. Aos 56 anos, há tempos noto dificuldades que desconhecia. Por exemplo: depois de uma noite de excessos etílicos, a recuperação é cada vez mais demorada. Os efeitos são mais intensos, prolongados, dolorosos até.
Não somos educados para nos preparar para a idade madura. Jovens, imaginamos uma vida de eterna vitalidade. A juventude eterna é um mito perseguido à base de cremes, cirurgias plásticas, horas na academia, dieta balanceada, privações que nem sempre trazem os resultados desejados posteriormente.
Iniciar os cuidados com a saúde logo no começo da idade adulta seria – segundo os especialistas – o ideal para aproveitar uma velhice saudável, distante de dores e dissabores. O problema é que no auge da vitalidade é tarefa inglória convencer uma pessoa a maneirar nas delícias da vida.
O rigor de dietas, por exemplo, espanta muita gente de uma alimentação saudável. Nem todos os especialistas procurados para dar orientação têm sensibilidade para manter ao menos alguns prazeres. Cortar, de uma só vez, o álcool, doce, frituras, massas e outros quetais é uma tortura que afugenta os candidatos à rotina saudável.
A preguiça de hoje é o reumatismo de amanhã!
No enregelante inverno que castiga o sul do país, o consumo de calorias não é abuso, é imposição para compensar nossos sofrimentos. Assisto estarrecido às “orientações” que envolvem redução no consumo de gostosuras típicas de nosso Estado. Na tarde do último domingo, só para os amigos leitores terem noção, consumi chocolate quente, cuca de coco, pinhão e bolo integral.
Ok, concordo… foi um “pequeno” exagero, mas o esmero no preparo destas guloseimas por parte da minha mulher foi sedutor, somado a minha gula. Não tinha como dizer “não”.
A ausência de exercícios físicos é o que me preocupa de verdade. À exceção de subir dois lances que totalizam 50 degraus todos os dias, passo o resto do tempo sentado, muitas vezes sob pesados cobertores, edredons, cobertas, mantas de lã. Como resistir à preguiça? O pior é a dor nas articulações, resultantes desta preguiça, agravada pelo hábito de permanecer encolhido por causa do frio que sequer respeitou o calendário. Marcado para chegar na última segunda-feira, o gelo polar cobriu o Rio Grande muito antes da previsão do calendário.
A continuar este clima inclemente, a velhice cobrará de mim um preço bastante elevado, doloroso, oneroso, que exigirá muitas grandes despesas com medicamentos, horas de fisioterapia e paciência dos que me cercam por causa das reclamações. Paciência… a preguiça de hoje é o reumatismo de amanhã!

