Entre tantas coisas que a internet proporciona, uma é permitir o reencontro com antigos colegas, de escola e de trabalho, ou com amigos que se dispersaram. Isso não é novidade, mas quando se está na iminência de completar 56 anos – como é o meu caso – brota um certo orgulho ao constatar o grande contingente de gente “do bem” apreendido ao longo da trajetória.
Nem todos comungam dos mesmos gostos. O que é bom porque é a base da democracia. Temas como futebol, gastronomia, política, previsão do tempo e horóscopo detonam surtos da raiva que assolam as ditas redes sociais. A dificuldade de conversar com pessoas que comungam de opiniões diferentes aflora nos mais inocentes posts.
O exército de insensatos sempre existiu. O advento da internet apenas criou o ambiente ideal para o que chamo “desempenho do contraditório sempre agressivo”. O anonimato permitido pela tecnologia transforma os pobres de espírito em mercenários obcecados pela intolerância.
Prosaicas questões, levadas às redes sociais, acabam com antigas amizades e promessas de amor
Muitas vezes é impossível resistir ao apelo do contraponto, tamanho volume de disparates despejados na rede mundial. Mas é preciso perseverar, ter nervos de aço e tentar descobrir os motivos que levam os mau humorados a sacar a metralhadora giratória 24 horas por dia.
Imagino que o “piloto” do teclado furioso esteja de mal com a vida. É noite de sábado, ninguém o convidou para sair, o dinheiro está curto e ele está acima do peso. Sem criatividade, saca o notebook – ou smartphone – e assume a personalidade de presidente do Sindicato do Ódio.
Qualquer observação que brilha na tela do computador inicia uma contagem regressiva para a explosão. O resultado? Antigas amizades implodidas, promissoras relações minadas, amores sepultados. E, de quebra, mais uma noite de sábado no Netflix.

