A pressão na pátria-mãe, causada pelas frequentes invasões do exército de Napoleão à Lisboa (1808, 09 e 10) era terrível. Nas três ocasiões, as tropas portuguesas conseguiram expulsar os invasores, sendo que, em 1810, ainda os perseguiram, auxiliados pelos ingleses. O clima político em Lisboa era de instabilidade, pois permanecia sob o comando de uma Regência nomeada pelo Imperador, estando este e seu filho ausentes, gerando grande despesa aos cofres lusos e ainda com o peso de um aspecto desonroso: o comando do exército português era exercido pelo Marechal Beresford, um militar inglês!
A viagem deste comandante ao Brasil, em 1820, deixou Portugal à deriva, criando o clima para a revolta que eclodiu na cidade do Porto, em agosto. As cortes portuguesas nomearam uma Regência e um Ministério, para evitar novos levantes, controlar o país e elaborar uma nova Constituição.
Por aqui, em agitada reunião acontecida a 21 de abril de 1821, optou-se por uma solução inacreditável: enquanto Portugal estivesse preparando uma Carta Magna que pensasse também o Brasil, D. João aceitou jurar a Constituição espanhola, forçado por setores políticos nacionais.
Já no dia seguinte, jurar a Constituição espanhola foi eliminado, uma vez que D. João decidiu viajar com urgência para Portugal, enquanto D. Pedro ficaria no Brasil, com todos os poderes necessários para governá-lo.
Em outubro de 1821, Portugal substituiu o Governo Central por Juntas Provinciais independentes, o que foi bom para o Brasil. Em outro decreto, porém, determinou o retorno de D. Pedro a Portugal, justificando-o como indispensável para que o Príncipe Regente se preparasse para governar Portugal.
A opinião pública foi mobilizada e foram efetuados diversos contatos no sentido da permanência de D. Pedro no Brasil.
Ao final de 1821, veio a confirmação oficiosa: D. Pedro ficaria, se solicitado fosse. A solicitação oficial foi feita a 09 de janeiro de 1822 e respondida por D. Pedro, à noite.
No dia seguinte, todos os arautos e meios de comunicação disponíveis na época, repercutiram: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao povo que Fico”.
Daí ao 07 de setembro, destaque para as reuniões acontecidas entre D. Leopoldina e José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o “Patriarca da Independência” e formador do Gabinete que vigorou à época.
Em uma de suas cartas a D. Pedro, que estava nas margens do Riacho Ipiranga, justamente no dia 07, D. Leopoldina é decisiva: “Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no Paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes portuguesas ordenam Vossa partida imediatamente, ameaçam-vos, humilham-vos. O Conselho de Estado convida-vos para ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças, se partirmos agora para Lisboa.
Sabemos bem o que têm sofrido nossos pais. O Rei e a Rainha de Portugal não são mais Reis, não governam mais, são governados pelo despotismo das Cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito…”.
Depois disso, como não dizer Independência ou Morte! Estamos definitivamente separados de Portugal”?